2 de maio de 2024
Saúde

Cunha, pistolão d’além mar

A polêmica sobre tratamentos de altíssimo custo – muitas vezes experimentais, ou em testes iniciais –  pelos serviços públicos de saúde, cruzou o oceano e caiu no colo do presidente português, que tem   familiares próximos envolvidos em denúncias de tráfico de influência.

O caso chegou às manchetes dos jornais da terrinha onde no sistema de saúde  que é socializado (ma non tropoo), os utentes, pagam coparticipação na maioria  dos procedimentos médicos .

Os patrícios também usam dos expedientes e favores dos ‘pistolões’, e Cunha não é só um sobrenome de muito prestígio.

Hospital de Santa Maria, Lisboa


Marcelo suspeito de “cunha” para tratamento milionário de duas gémeas brasileiras no Santa Maria

 

Fonte: Executive Digest, em 04/11/2023, texto  em ‘português de Portugal’


Marcelo Rebelo de Sousa é suspeito de interferência no Hospital de Santa Maria, num caso ocorrido em 2019, altura em que duas bebés brasileiras entraram naquela unidade hospitalar de Lisboa para receber um tratamento que custou quatro milhões de euros.

As gémeas vieram a Portugal receber o Zolgensma, depois de terem sido diagnosticadas com Atrofia Muscular Espinhal.

Trata-se do medicamento mais caro do mundo.

Daniela Martins, mãe das crianças, confirmou à TVI que as então bebés, que viviam no Brasil, entraram no Santa Maria em finais de 2019 para serem tratadas, tendo conseguido obter a naturalização portuguesa, para que fossem seguidas em Lisboa.

A progenitora precisou ainda que a nora e o filho do presidente da República tinham interferido a esse respeito.

“Usámos os nossos contactos. Conheci a esposa do… a nora do Presidente, que conhecia o ministro da Saúde [na altura era a ministra Marta Temido], que mandou um e-mail para o hospital.

Começaram a receber ordens superiores”, afirmou.

Em declarações à TVI, Marcelo Rebelo de Sousa disse não se recordar de ter tido interferência no caso, negando qualquer tipo de favor no processo.

“Francamente não me lembro”, vincou o presidente da República, vincando, contudo, não ter tido influência no tratamento das bebés em Portugal.

O caso gerou um conflito entre os médicos do serviço de Neuropediatria e o Conselho de Administração do hospital, primeiro porque as crianças já estavam a receber outro tratamento no Brasil e segundo porque outras pessoas na mesma circunstância não têm acesso ao mesmo medicamento devido ao preço.

Uma carta de indignação dos clínicos a contestar a situação desapareceu entretanto dos registos hospitalares, tal como o dossié de admissão das crianças, adianta a TVI.

O Hospital de Santa Maria vai abrir uma auditoria, para perceber o sucedido.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *