DE NOVO, OS VELHOS
Muito se tem falado dos nossos representantes no congresso.
Que a safra que está acabando foi fraca de dar agonia.
Que nossos representantes têm pouca visibilidade, influência e prestígio.
De cara, uma contradição, dos que também reclamam da mesmice de sempre.
Em toda eleição há um desejo natural de renovação, alimentado pelos candidatos de primeira vez.
Óbvio que alguém tenha de ceder a vaga para o jejuno.
À força, que o osso deve ser gostoso de roer, pra ninguém querer soltar.
O Majó Theodorico Bezerra dizia que de tão boa, ninguém deixava a atividade.
– A política é que deixa a gente.
Os mais sabidos, macacos velhos, jogam com as palavras e pedem o voto na renovação da confiança ou se acham merecedores de renovar os mandatos, com o asséptico apelo: lavou, tá novo.
Fazem plástica, rebocam as rugas no botox, pintam e implantam cabelos.
Antiquado, ninguém quer parecer.
Não se fala nos métodos nem nas ideias, ultrapassadas, as mesmas de Pedro ‘Velho’ de Albuquerque Maranhão.
Radical e crescente nas redes sociais, o movimento para não reeleger ninguém já está de volta, nem bem a campanha eleitoral começou.
Da última vez, a palavra de ordem foi a nova política, e vejam no que deu
Ninguém é capaz de resolver a equação política: há como renovar a representação sem mandar pra Brasília , inexperientes, de rostos conhecidos somente pra cá do Guajú?
Exemplos de parlamentares que eram capa de revista nas planícies da província, e nem rodapé foram no planalto central.
Tem de monte.
Sempre o mesmo dilema: ser protagonista na troupe mambembe da terra natal, ou figurante no espetáculo com elenco de estrelas cintilantes do teatro nacional.
Depois de heróica escalada, chegam ao Olimpo, pensando que os deuses são todos iguais.
Logo caem na real, quando são segregados no fundão do baixo clero e reconhecidos, apenas graças ao broche na lapela.
Que ninguém esqueça a capacidade de reinvenção da classe.
A derrota também pode ser a via expressa para o primeiro time.
O aparente aposentado precoce (por boicote sindical e escassez de votos), num passe de sorte, passou a dar as cartas na previdência, para logo depois, tanger os burros e as águas da transposição, ganhando fichas para apostar um lugar no quase paraíso do senado.
Os mais espertos podem até não dar nó em pingo d’água, mas preparam o tempo pra chover.
“A política é quase tão excitante como a guerra e não menos perigosa.
Na guerra, a pessoa só pode ser morta uma vez, mas na política, diversas vezes.”
O que Churchill dizia dos índios ingleses, cabe bem nos lordes potiguares e em quem mais calçar 40.
O Retrato do Sir Winston Churchill aos 80 anos (1954) – Graham Sutherland
Depois da morte do marido, a Madame Churchill destruiu o quadro que detestava, restando esboços do mesmo, na Galeria Nacional de Retratos, em Londres
Análise perfeita de nossa classe política. Meu pai já dizia: ‘ muda a merda, mas
as moscas continuam as mesmas citando alguém, cujo nome esqueci.