5 de maio de 2024
Familia

DE ONDE ESTE MAL VEIO, PRA LÁ TORNE A VOLTAR

 

Dona Lurdes Benzedeira, (2020) – Alex Freire – Bonito, Pernambuco.

A  curta temporada  para as exéquias do falecido, celebrações do ano novo e desfrute da brisa salitrosa, na casa de veraneio dos sócios no afetivo negócio de criação de netos, interrompida.

Um dos principais fornecedores da matéria prima do prazeroso empreendimento,  apresentou preocupantes sintomas, alertas que os vulneráveis circunstantes poderiam também ser atingidos.

Em especial, os provectos.

Como pedras de dominó que caem em  sequência, à distância e às mensagens de WhatsApp,  chegaram notícias de outros acometidos das mesmas febres, tosses e molezas.

A gripezinha só podia ser esta novidade que de uns tempos para cá, anuncia o início das chuvas.

Como em toda temida doença, a negação foi o pensamento ancestral.

Coriza, quem não tem uma, pra chamar de sua alergia predileta?

Irritação na garganta, preço por tanto álcool consumido em taninos, castas, varietais e outras borbulhas espumantes.

Tosse psicogênica, pela sobrecarga emocional, em época de recordações e saudades, misturadas às incertezas que continuam, nesta  viagem sem volta, da vida que nunca zera o odômetro.

Espirros, aviso histriônico ou episódio esternutatório sempre presente nos enredo de melodramas gripais, não iria faltar nesta anamnese.

Adinamia, misto de fraqueza e vadiagem, em estação estival começada,  é sintoma difícil de ser identificado no país de Macunaíma.

– Aí, que preguiça!

Mas, quando bate o febrão de quase 39°, o termostato do pensamento pessimista dispara, lembrando que, apesar da imunização completa e das doses de reforço, o grande inimigo continua a circular.

Nestas horas, vale tudo.

Nome nas correntes de orações, mezinhas, remédios reposicionados, sem comprovação científica, receitas da vovó.

E uma lastimável constatação: as rezadeiras sumiram.

Logo elas, a quem nenhuma difruço jamais resistiu.

Quem sabe, essas universidades a 1,99,  não abrem cursos EaD de formação de comadres benzedeiras?

A Benzedeira (2020) – Andrea Teixeira, Rio de Janeiro.

(Crônicas e arremedos são como viroses da estação. Depois de sofrer mutações, sempre voltam. Às vezes com outros títulos)

 

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