2 de maio de 2024
Coronavírus

Depois de dizer que mortes diárias chegariam a 3 mil, Nicolelis prevê 500 mil até o meio do ano

Hecatombe significa uma “destruição ou desgraça em grande escala”. E é o termo usado pelo médico, neurocientista e professor catedrático da Universidade Duke (EUA) Miguel Nicolelis para descrever a situação do Brasil em meio à pandemia da Covid-19.

Segundo ele, se não houver um lockdown nacional imediato, o Brasil deve alcançar a marca de 500 mil mortes em julho. Conforme o ex-coordenador do Comitê Científico do Consórcio Nordeste para a Covid-19, além do colapso sanitário, já ocorre um colapso funerário. Já estamos com quase 3 mil óbitos por dia. Por que março vive uma explosão de mortes?

A explosão de forma sincronizada em todo o Brasil é decorrente das eleições (municipais, em novembro) e das aberturas indiscriminadas. Com as festas natalinas e o carnaval, explodiu de vez. Como medidas mais rígidas não aconteceram, infelizmente as previsões se concretizaram, e chegamos a um colapso. Hoje é difícil prever qual vai ser a taxa de óbitos daqui a duas, três sema- nas. A gente não consegue ver limite ou pico.

Há pacientes em São Paulo morrendo na fila de espera por vagas nos hospitais. O que se pode fazer a esse respeito? O prefeito e o governador têm que criar coragem e fechar a capital e a Grande SP, impedindo o fluxo nas rodovias. Não dá para continuar empurrando com a barriga.

Ou faz agora, ou as pessoas vão morrer na rua. São Paulo já colapsou há dias. Quando cruza 90% de ocupação, já foi. Só na logística para achar o leito e transferir, as pessoas vão morrer. O Brasil inteiro colapsou.

O que precisa ser feito para evitar o desabastecimento dos insumos hospitalares?

Tem que comprar esses medicamentos no mercado internacional, mas não estão entregando. O Brasil tinha que ter feito um estoque enorme, mas é desespero. É uma hecatombe. Como se a gente estivesse numa guerra, o inimigo tivesse tomado o Brasil, e a gente tivesse optado por não se defender porque quem deveria criar nossa estratégia de defesa re- nunciou ao papel de defender a sociedade da maior tragédia humanitária da nossa história.

O senhor acha que o lockdown deve ser nacional ou bastam medidas regionalizadas?

No Reino Unido, em dezembro, o comitê científico disse que em 12 dias o sistema hospitalar ia colapsar. O primeiro- ministro fechou o país. Hoje, a Inglaterra anunciou que teve a menor taxa de transmissão, óbitos e internações desde setembro. Porque fez o que tinha que fazer. Não teve lero-lero. Não tem saída. Nós sempre seguimos as ondas europeias. Avisamos em outubro que a segunda onda ia chegar aqui, agora certos lugares da Europa estão na terceira onda e vai chegar também. É duro dizer isso, mas vai piorar muito se não fizermos nada. E tem que ser a nível nacional, com medidas sincronizadas. Não adianta fechar um estado e deixar o resto aberto porque o vírus está em todo lugar, se espalha pelas rodovias, pelos aeroportos. Vamos chegar a 300 mil óbitos com uma rapidez impressionante. Podemos chegar a 500 mil na metade do ano, no meio do inverno.

Mesmo com a vacinação?

Mesmo com a vacinação, sem lockdown, dificilmente será possível reverter essa situação. Teríamos que vacinar 3 milhões de pessoas por dia por 60 dias, começando imediata- mente. É altamente imprová- vel. Enquanto isso, se tivermos 2 mil mortes por dia por 120 dias, teremos mais 240 mil mortes. É uma estimativa grosseira, só para ilustrar que chegaríamos a 500 mil mortes em meados de julho.

O senhor falou no Twitter que o colapso funerário começa em pequenas cidades.

Já começou. Vi um município de Pernambuco onde corpos estavam se acumulando num terreno baldio. Já temos registros de filas enormes em cartórios para registrar os óbi- tos, dificuldades de manejo de corpos nos hospitais, a Associ- ação Brasileira de Funerárias recomendando que não deem férias aos funcionários, faltam urnas. Os sinais são claros. Não sei como alguém ainda não vê o tsunami que vai varrer o Brasil. Não vai mais ser só crise sanitária, começam a ter distúrbios sociais.

É o caso de uma mobilização internacional para ajudar o país?

O Brasil precisa de ajuda. Pedimos aos países amigos com excedente de vacinas, mas o que os governos desses países falam publicamente e reservadamente é que não tem um interlocutor.

Não somos um país pária, somos um país radioativo. O Brasil não é um problema só dos brasileiros, é um problema do mundo. Se não controlarmos a pandemia, nossas fronteiras são porosas, as variantes daqui vão escapar, e o mundo sabe disso.

4 thoughts on “Depois de dizer que mortes diárias chegariam a 3 mil, Nicolelis prevê 500 mil até o meio do ano

  • Luis Roubinacio sobrinho

    Esse cidadão que se diz cientista além de petista (terrorista) tb ama recurso a fundo perdido, problemas 33 milhões do governo do PT (só podia ser) para fazer projeto de um paraplégico andar e eu estava no estádio da copa 2014 ele trouxe o experimento, eu mesmo tinha feito com 50 mil reais, foi um verdadeiro fiasco (se riverem duvidas olhem as reportagens da epoca) agora ele vem fazer prognósticos da Covid kkkkkk piada esse ai se o mundo se acabar e ele me dizer o q fazer prefiro pular da Ponte, pq falastrão, incompetente e ladrão tem Tudo a ver com esse cientistazinho de meia tigela: detalhe foi embora de Natal e deixou 3 meses de aluguel pendente

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  • observanatal

    Nostradamus era mais gordinho.

    No ritmo que vai, muita previsão caótica pode ser acertada.

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  • César

    Esse cientista charlatão deveria ir fazer o esqueleto de lata andar e deixar de falar besteira. Onde foi que o Comitê do Nordeste que ele coordenação enfiou 50 milhões de reais desviados dos estados para compra de respiradores? Sendo 5 Milhões do RN.

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  • PedroArtur

    Qualquer cidadao comum pode fazer essa previsao e eu vou aceitar porque e a realidade que vemos hoje no pais , mais esse Sr de meia tigela LA**** profissional ai eu nao aceito.

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