4 de maio de 2024
Coronavírus

DIÁRIO DE UM VACINADO ( PARTE II)

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O mais longo de todos os anos está prestes a completar seu primeiro  tempo, ainda muito longe de passar a fazer parte da galeria dos acontecimentos que ficam para o passado.  De triste memória.

Vésperas de carnaval, as longínquas notícias do oriente chegavam amenizadas pelo não reconhecimento do estado de pandemia pela Organização Mundial da Saúde.

Os primeiros casos que já surgiam na Europa, eram vistos como regionais,  isolados e que assim permaneceriam.

Problema deles.

Sem ocorrências em terras brasileiras, a vida seguia em ritmo de carnaval.

Aeroportos livres de restrições.

Ruas cheias de alegria e descontração. E gente.

O direito de ir e vir estava garantido a quem podia pagar cruzeiros em transatlânticos com múltiplas paradas em cidades italianas, o local da segunda grande explosão que só foi ouvida quando os viajantes contavam suas aventuras para quem também adorou a folia, no Largo do Atheneu.

Não havia quem acreditasse que em pouco tempo, Wuhan e a Lombardia estariam tão perto da Praça do Gringo.

E que teríamos muito a aprender com todos eles.

Enquanto os negacionistas acreditavam nas  condições climáticas e na proteção pelo calor dos trópicos, alarmistas traduziam em números multiplicados, as previsões mais catastróficas do que as do Imperial College de Londres.

Continuava o antagonismo, também na saúde e na doença. Na vacina e no tratamento precoce.

Mal conhecidos os resultados dos desfiles carnavalescos, a imprensa passou a pautar a próxima notícia.

Estava posta a expectativa pelos primeiros casos.

Só uma questão de dias e a verdade  diagnosticada surgiu em série.

A realidade mais cruel de todas, começou com uma pequena grande mentira.

Uma estória bem contada seria perfeita e exemplar para ser o registro da primeira ocorrência.

Quem iria desconfiar de um jovem intérprete e cicerone para um grupo de investidores chineses, contaminado numa escapada de fim-de-semana na Pipa.

Com o fantasioso relato, a população recebeu as primeiras informações sobre cuidados e prevenção.

A imprensa surfou na onda fictícia.

Destaque de primeiras páginas e  plantão de notícias.

Foi nas redes sociais onde a falsa máscara e a casa caíram.

Sem esquecer da merecida quarentena,  em regime de internação hospitalar, cumprida integralmente pelo farsante.

O mitômano de Baía Formosa, sem sintomas, sem evolução do caso clínico, sem registros da visita dos empreendedores, ficou como nosso paciente zero.

O primeiro. O que nunca existiu.

Muito sofrimento, incertezas e mais de 3300 ausências pranteadas, a marca do tempo ainda está muito distante do encerramento de um período e do fechamento de um trágico ciclo.

Nem a  vacina redentora  traz a tranquilidade esperada.

Os números contados em milhões mostram toda a sua grandeza e tarefa a ser cumprida.

Mesmo quando se trata de ínfimas unidades de 0,5 ml de um líquido insípido, inodoro e tão valioso

Os que  fazem parte dos grupo prioritários, ao contrário do esperado, não experimentam a sensação de alívio imediato, esperado da vacina.

A confiança da imunidade ainda não veio.

Dúvidas com relação à duração da cobertura  e proteção contra milhares de variantes que vêm sendo identificadas, continuam.

Um ano do início de tudo e de poucas  certezas.

A guerra está muito longe do fim.

A vacina é só mais uma arma.

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One thought on “DIÁRIO DE UM VACINADO ( PARTE II)

  • Geraldo Batista de Araújo

    O carnaval vem aí. Será que o povo vai respeitar o afastamento? Duvido muito. Vou ficar em Pirangi até a quarta-feira de cinzas.

    Resposta

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