2 de maio de 2024
Opinião

Diferenças políticas entre iguais do RN

Roda Viva – Tribuna do Norte – 25/10/23

Nosso Rio Grande do Norte, nos últimos dias do prazo para mudança de partido, teve modificações que certamente vão aparecer no resultado das eleições do próximo ano.

O deputado Federal João Maia que havia sido eleito pelo PL – o partido de Bolsonaro – e tinha controle total sobre a sua estrutura partidária, na maioria dos municípios do Estado, chegou chegando ao Partido Progressistas, levando consigo muitas dessas peças eleitorais.

Reuniu mais de 1.500 pessoas de todo o Estado, na última sexta-feira, para testemunharam o seu ato formal de filiação a uma nova legenda, prestigiado pela sua direção nacional, representada pelo seu presidente, senador Ciro Nogueira.

Junto com Maia, oito Prefeitos, de várias regiões do Estado. também viraram a casaca acompanhando o seu líder, e com os Prefeitos os vereadores e lideranças municipais.

Houve também a migração de alguns vice-prefeitos e do deputado estadual Neilton Diógenes.

Em termos nacionais, João Maia é o 50º Deputado Federal do Progressistas, fato que, nas idas e vindas dos blocos legislativos, pode ter peso.

VIVA A DIFERENÇA

Terá havido alguma justificativa ideológica para explicar ao público – começado pelos que compareceram ao ato formal?

O que o PP tem diferente do PL, onde João Maia estava abrigado nas duas últimas eleições?

No seu discurso, Maia enfatizou a sua mudança de legenda com o objetivo “de eleger o maior número possível de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores”. E prometeu mostrar as novidades na convenção estadual do partido marcada para oito de dezembro e, à fórceps, disse que não quer ser “radical”.

Em termos eleitorais, os progressistas conseguiram evitar um problema estrutural: A posição do ex-deputado Beto Rosado, que havia sido eleito pelo PP, mas não renovou o mandato. Numa das últimas rearrumações de nossa política o PP havia sido entregue à família Rosado que tem quase um século de presença na política de Mossoró, o segundo eleitorado do Estado.

TODOS IGUAIS

Mas se alguém resolver buscar encontrar as diferenças ideológicas entre as duas legendas, bem que poderia ouvir um dos muitos que se apresentam como cientistas políticos na província de forma mais objetiva: – Talvez sendo mais fácil para eles explicarem a diferença entre a Coca Cola e a Pepsi Cola.

Um tipo de diferença que não diz respeito, apenas, ao PL, antigo partido de João Maia, e o PP, atual partido. Detalhe: Os dois partidos integram o Centrão, que tem regulado – e dominado – o Governo Lula.

O presidente nacional do partido, Ciro Nogueira, assim define sua posição no Congresso: “Nós temos no Senado um PP 100% oposição. Na Câmara Federal uma parte dos deputados, principalmente da região Nordeste, tem um viés de maior aproximação com o governo”.

Nesse emaranhado continuo achando que o exemplo das diferenças entre os dois refrigerantes mais populares vale, pelo menos, para a metade dos nossos partidos políticos. E não é de agora, essa história tem tempo…

E não se bote a culpa no partido. O problema é do eleitor. Você conhece algum eleitor que tenha se preocupado em conhecer o programa de um partido antes de definir a escolha dos seus candidatos.

PRÓS E CONTRAS

Essa mudança de filiação partidária em bloco, não tem, apenas, o fato positivo representado pelo número de novos correligionários a serem apresentados ao público, mas sob esse aspecto, o positivo pode se tornar negativo.

Tome-se o exemplo do MDB que tinha Natal como sua cidadela principal na resistência no tempo dos governos militares.

Em termos práticos, o MDB municipal de Natal havia sido terceirizado para o Presidente da Câmara Municipal de Natal, vereador Érico Jácome, que nem precisou mudar de legenda. Ele chega ao PP representado pelo seu candidato a vereador Daniel Santiago, e os outros nomes que haviam sido organizados formando uma nominata para a próxima eleição, originalmente para o MDB. Detalhe: Na próxima eleição, Daniel é concorrente direto de Érico Jacome.

Jácome continua no MDB, tendo o controle sobre o diretório municipal do Progressistas. Mas, apalavrado de mudar para lá na “janela” de abril, inclusive com o mandato que pretende renovar disputando a eleição pelo MDB.

Estes fatos, que estão sendo vividos neste momento, não podem ser vistos como um a exceção à regra. Com a diferença de um detalhe este é o padrão. Padrão das trocas de partido feitas por detentores de mandato.

ESPAÇO PARA CORRIGIR

A mudança de legendas entre dois partidos do Centrão, assim como a terceirização da eleição de vereador em Natal, feita em favor do presidente da Câmara Municipal não causa espécie a quem está participando direta ou indiretamente do nosso jogo político, aqui no RN.

Provavelmente não se encontrará, agora, ninguém que aceite defender este modelo. Ou acusar.

Assim se faz política no Brasil.

Mesmo antes do conhecido, o financiamento da política brasileira, feito por empreiteiras que trabalham para os governos, um modelo que terminou no petrolão e no mensalão, conhecidos e sabidos por todos, até se transformarem em carniça para o pessoal do Lava à Jato.

Pode ser que a receita atual dure pouco. Felizmente a nossa democracia tem conseguido fazer as correções, sem mexer na Constituição. Que assim seja.

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