DO BAÚ DA FAMÍLIA
Na reclusão da tripla quarentena, a poeira foi espanada dos velhos álbuns de fotos.
Nos grupos das redes familiares, exercício de memória para ver quem descobre nas fotografias envelhecidas por cinquenta, sessenta anos, nossas pessoas queridas.
Tempo de mostrar aos mais jovens, de onde vieram, como éramos e as mudanças que eles também um dia haverão de comentar quando o outono deles chegar.
Estórias que não merecem o esquecimento.
(Publicação original em 27/06/2019)
ECOS DE DOIS DISCURSOSO famoso discurso que o Capitão José da Penha proferiu em Nova Cruz, suscitou comentários.
No grupo. No seio familiar.
Marluce, a mais experiente da irmandade, lembrou de tê-lo ouvido muitas e repetidas vezes.
Cassiano, agora coleguinha neste Território Livre, revelou as ocasiões nas quais não faltavam sua evocação.
De alto, bom tom e com todas as vogais e consoantes caprichosamente pronunciadas, pelo nosso patriarca.
Pontual e invariavelmente, após cada derrota eleitoral.
Corrigiu até o local da peroração:
“O discurso foi de uma janela do Cosmopolita Hotel, hoje de minha propriedade”
Leonardo, o historiador da linhagem, acrescentou detalhes. Como lhe contaram. E o que vivenciou e guarda na memória privilegiada:
“Não foi claque organizada .
Foi geração espontânea mesmo.
Pela péssima dicção do orador, provocando uma intranquilidade no ordeiro povo da cidade.
Ao Iniciar o discurso, o “Povo de Nova Cruz” foi entendido como “Fogo, Nova Cruz !!!”
Faltou dizer que um jovem vereador chegou a elaborar um Projeto de Lei para desomenagear o Capitão. Desistiu, para não provocar mais um cisma político-familiar com o ex-prefeito, seu pai, autor da homenagem com o nome da rua que liga o centro da cidade e o populoso bairro do Alto de São Sebastião.
-Em uma das minhas campanhas, para Deputado Estadual em plena Ponte Régis Bitencourt, sobre a encontro dos Rios Curimataú e Bujari, ao saber que o Deputado Tarcísio Ribeiro havia sido mais votado do que eu, na minha cidade, dei razão ao Capitão e repeti, o “Nova Cruz, nesga do Rio Grande do Norte. Pedaço infeliz da Rússia”
E para confirmar o vínculo da terrinha, com a outra memorável oração de Lincoln, em Gettysburg, veio à lembrança, a figura de Segundo Moreira, parente e correligionário que certa vez, perguntou aos universitários:
-Quem é esse Abraão de quem Lauro tanto fala?
Mostrar a história de cidade que serviu de berço é preservar a memória. Parabéns.