3 de maio de 2024
Coronavírus

DOENÇA DE ÍNDIO

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A pandemia que atinge a todos, em todos os países, todas as raças, é mais letal em alguns grupos étnicos.

As explicações ainda estão para serem descobertas, no futuro.

Nos Estados Unidos já observaram que os estragos são maiores nos bairros e cidades com predomínio da população afro-americana.

Ao se espalhar por áreas menos densamente povoadas, a pandemia tem atingido com violência, também as comunidades ameríndias.

Costumes, hábitos higiênicos, coabitação gregária, características imunológicas e deficiências na assistência médica, são os prováveis motivos.

No Brasil, os índios estão na mesma condição.

Nossos silvícolas sabem que são mais suscetíveis às doenças dos brancos, às viroses comuns da infância dos brancos, às gripes dos brancos, aos outros perigos dos brancos.

Visto da taba, no faroeste da vida, os mocinhos não somos nós.

           (Publicação original em 10/03/2019)


MIM ENROLOU CACIQUE

Ao contrário da expectativa da véspera, na noite tormentosa, a viagem ia tranquila.

Até nos aproximarmos da Baía da Traição.

Trânsito intenso, lento e logo adiante, caminhões  no acostamento e parada obrigatória.

Acidente?

Outra paralisação de caminhoneiros?                 

Isso é o que dá viajar com Spotify, desprezando o velho e bom rádio.

Mas logo tudo esclarecido. A solidariedade de quem estava parado disseminava a informação: protestos de índios.

Índios de verdade. Destes que já se encontra facilmente até em Macaíba.

Os silvícolas da praia não aceitam a municipalização da saúde indígena  e eu perco o almoço com a neta no Recife.

Simples assim.

Mas o teste dos bravos guerreiros parahybanos para a tolerância do novo governo devia ter alguma fragilidade.

E tinha.

E vinha a bordo.

No  banco de trás, sonolenta, descabelada, escorada por travesseiros, envolta em mantas, a filha alérgica exibia no rosto o exantema salvador.

Nem o cacique, nem o pajé, nem mesmo a enfermeira da FUNAI quiseram reter aquela paciente com doença não diagnosticada pelos esculápios potiguares (cara-pálidas) e consulta agendada com um tampa-de-crush maurício.

Quem sabe, contagiosa?

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