3 de maio de 2024
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Dom José de Medeiros Delgado é mais um protagonista da Barragem de Oiticica

Dom Delgado

O Padre – e imortal – João Medeiros Filho faz justiça hoje em seu partido da Tribuna do Norte  a mais um protagonista dos primórdios da Barragem de Oiticica, que hoje será visitada pelo presidente Jair Bolsonaro.

Os verdadeiros protagonistas de uma história nem sempre são lembrados. Sói acontecer que outros recebam os louros da vitória. Em 1951, o Nordeste viveu uma de suas frequentes secas, com longa estiagem.

À época, era bispo de Caicó Dom José de Medeiros Delgado.

Nesse mesmo ano, foi designado arcebispo de São Luís (MA), assumindo aquela arquidiocese, em 04 de setembro.

Conta-se que sua despedida do Seridó foi pranteada, repetindo-se tamanha comoção, tempos depois, no sepultamento de Monsenhor Walfredo Gurgel. Este, em 19 de setembro daquele ano, assumiu o segundo mandato de deputado federal. A Sé de Santana, em poucos dias, foi privada de seu bispo e do vigário geral. Representava Jucurutu na Assembleia Legislativa, Stoessel de Brito, proprietário da Fazenda Baixio. Na construção do Ginásio Diocesano Seridoense (em 1941), o bispo e o parlamentar tornaram-se grandes amigos. O deputado foi tocado pelo dinamismo, sensibilidade, espírito ecumênico e humanitário do prelado. Brotou neles uma sincera amizade, perdurando até a morte.

 Por sugestão de Dom Delgado, o grupo decidiu por unanimidade propor ao governo federal um empreendimento duradouro e não mero paliativo.

Optou-se por indicar a construção de uma barragem, perto de Barra de Santana, como reservatório de água potável, destinado também à pesca e irrigação. O antístite caicoense conhecia bem o Piranhas-Açu, pois, quando jovem, viveu perto das nascentes do referido rio.

Dom Delgado estava prestes a viajar ao Rio de Janeiro para tratar com o Núncio Apostólico de sua futura diocese (São Luís). Antes, passou pela Paraíba, onde se encontrou com José Américo de Almeida, seu amigo de longa data e coordenador nacional do Programa de Combate às Secas.

O governador paraibano era sobrinho, pelo lado materno, de Monsenhor Walfredo Leal, ex-governador da Paraíba. Este tinha profunda estima pelo jovem pároco de Campina Grande, futuramente primeiro bispo de Caicó. Na capital da República,

Dom Delgado aproveitou para falar com o vice-presidente Café Filho e pessoas influentes, inclusive seu compadre Tristão de Athayde.

Disso resultou posteriormente o ato federal, autorizando o inicio da construção da Barragem de Oiticica. O engenheiro Clóvis Gonçalves dos Santos foi nomeado para dirigir as obras.

Dom Delgado pensou também na assistência religiosa aos operários. Recomendou a Padre Deoclides de Brito Diniz que lhes dedicasse especial atenção e zelo pastoral.

No canteiro de obras, o inesquecível sacerdote celebrou uma missa vespertina, a primeira, em solo seridoense. No final da cerimônia, leu uma mensagem profética de Dom Delgado:

“O suor de tantos, aqui derramado, um dia converter-se-á em água abundante para matar a sede e fome de nosso povo.” Que nome oficial será escolhido para denominar merecidamente, em breve, a barragem? Setenta anos depois, a população usufruirá de seus benefícios.

Convém lembrar as palavras de Cristo: “Dai a César o que é de César, a Deus o que é de Deus.” (Mc 12, 17).

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