2 de maio de 2024
Economia

E O LOBO NÃO SAIU DA TOCA

Judas Devolvendo as Trinta Moedas de Prata (1629) – Rembrandt van Rijn – Castelo de Mulgrave, Lythe, North Yorkshire, Inglaterra


Há dois anos, a data magna da nação foi comemorada com o lançamento da nova cédula de dinheiro,  motivo de discussões econômicas, chistes e piadinhas zoofóbicas.

Já se imaginava o coitado do vendedor de coco tangendo aquele cachorro-do-mato pela praia de Ponta Negra, e oferecendo a troca  por duas garoupas.

Se estivesse com sorte, conseguiria quatro onças pintadas.

Todos em perigo de extinção.

Substituíveis por cartões de plástico quase obsoletos, nestes tempos de Pix de dois pais e um oferecido padrasto.

Havia razões para o lançamento da Casa da Moeda.

Justificada pela necessidade de pagar o auxílio emergencial de 600 reais, o suado dinheirinho,  como o guará, já ameaça sair de circulação.

Antes desta decisão, seria bom ouvir a opinião de um  conhecido colecionador, ex-governador do Rio de Janeiro, que reclamou do trabalho que dava, manter as suas verdinhas sem mofo, tendo a trabalheira de deixá-las ao sol ou sob lâmpadas especiais para a secagem.

Inexplicavelmente, foi condenado à prisão quase perpétua por lavagem de  dinheiro.

Têm-se como fato que a moeda metálica foi invenção dos chineses, mais de mil anos antes do nosso Anno Domini, bem como foram eles que inventaram o papel, à base de fibra de bambu e casca de amoreira.

Não é de se estranhar que seja o povo com mais know how em fazer dinheiro.

Mesmo com tanta pujança, quase ninguém sabe o nome da moeda deles.

Renmimbi.

Que o povão chama yuan.

E vale menos de 1 real.

Pelo mundo a fora, as  notas trazem estampas das personalidades que fizeram história nas diversas nações.

Talvez por falta de heróis, os cruzeiros, cruzados, velhos, novos e reais passaram a ser ilustrados com animais da nossa fauna.

A escolha que completa o segundo aniversário, não teve aceitação unânime.

E pouco perambula fora do Eixo Monumental.

O homenageado, demasiado regional, ainda não conheceu outros biomas, além do cerrado.

Parece que o dinheiro graúdo foi impresso para  ser usado só pela turma de Brasília.

Já é hora dos nordestinos iniciarem uma campanha para emplacar na de 300, um simpático bichinho da caatinga.

O preá.

Nossos políticos vão adorar.

Judas recebendo trinta moedas de prata por trair Jesus – János Pentelei Molnár (1909) – Galeria Nacional Húngara, Budapeste

 

 

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