2 de maio de 2024
História

EFEITO ARGENTINA

Sem trabalho (1888) – Júlio Romero de Torres – Museu de Belas Artes de Córdoba, Espanha

A  falta que Stanislaw Ponte Preta faz à pátria amada é medida pelo desafio que lançou e ainda não foi alcançado

Nem a moralidade foi restaurada; nem todos se locupletaram.

Somos mesmos governados por forças ocultas que até Jânio Quadros não conseguiu explicar como agem.

Os astros,  alinhados  ou fora das suas órbitas, ofereceram ao nosso país, seguidas oportunidade, todas desperdiçadas.

Experiências que terminaram em impasses e conflitos.

São fatos que pedem para ser lembrados, num passeio pela História.

Começamos como terra devoluta.

Nem os corsários e piratas quiseram tomar conta.

Para eles interessavam o pau abundante e as índias, desbundar.

Pindorama foi oferecida a quem quisesse arriscar a perigosa travessia para ser capitão (olha aí nosso destino) com direito a passar de herança aos seus 01, 02 e 03 d’antão.                               

Alguns faltaram à própria posse e nunca por aqui deram nos seus costados, o ar de nobres graças.

Como legado dos que vieram, duas profissões almejadas sobreviveram: funcionários fantasmas e  aspones de coisa nenhuma.

Os governadores-gerais mal foram prefeitos das capitais.

Colônia mal cuidada, virou casa de mãe-joana.

Poderíamos ser hoje outra pujante federação.

Comunidade Europeia Subequatorial.

Em cada macrorregião colonizada, uma cultura diversificada.

Que pena que não foi assim.

Portugueses, os primeiros a chegar, manteriam Arraial d’Ajuda,  Bahia, Trancoso e mares dos sertões de Glauber Rocha.

Holandeses, cuidariam de Mauritsstad  a  Nova Amsterdam.

E das Rocas ao Golandim, incorporando as províncias do Alecrim e das Quintas Profundas.

Extremo sul, anexado aos vizinhos espanhóis,  para mais gente llorar por ti, Argentina.                 

Descendentes de Villegagnon, estariam  cantando bossa-nova, partido alto e funk proibidão, en français, embaixo do sovaco do Cristo erguido por eles mesmos, no alto da corcova.                                        

São Paulo  tanto poderia ser independente (remember 1932), ou dividida entre os invasores retardatários.                             

Harmonia de espaguete com sakê.

Sushi no chianti .

Nossa melhor fase, graças à sombra de Napoleão, chegou e voltou com a corte do sexto João.                                      

Reino unido, só enquanto  a barra não limpava na terrinha da amante de Zeus.

Promovido a império, começou como brincadeira de criança para atingir o apogeu de Pedro II.         

Nosso maior estadista, até a reeleição dos 200 mil de FHC.

A república, nascida sob o estigma da primeira traição do generalato, depois de ser velha, nova e agora, velhíssima de novo, não deu certo nos regimes a que se submeteu.                       

Continua tão balofa no presidencialismo como gorda foi no parlamentarismo.

Depois dos anos plúmbeos de trevas e das 13 pragas vermelhas, o futuro voltou a ser incerto.

Um presidente da república eleito por estreita margem de votos, que tomou posse com a faca nos dentes e sede de vingança, ainda não decidiu como seu governo deverá ser lembrado:

Uma interminável lua-de-mel com sua Janja, ou o maior e mais escandaloso balcão de negócio nunca antes instalado neste país

Estará nosso destino mais uma vez influenciado pelo efeito orloff de sermos a Argentina amanhã?

Anarcocapitalistas do Brasil, uni-vos !

Consciência tranquila (1899) – Júlio Romero de Torres – Museu de Belas Artes de Asturias, Oviedo, Espanha

(Este texto é uma revisão de uma  ideia consolidada desde 14/08/2019 no texto Novo Brasil Velho)

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