1 de maio de 2024
futebol

EFEITOS COLATERAIS

Jogadores de Futebol (1908) – Henri Rousseau– Museu Guggenheim, Nova Iorque


O que seria da ciência farmacêutica se não houvesse em suas pesquisas, resultados não esperados.

A começar pelo bolor do Sir Alexander Fleming, o acidente que virou o maior case da indústria de medicamentos.

Sem o imponderável, o remédio mais usado no mundo, depois do AAS, continuaria mais um anti-hipertensivo e a geração de velhinhos, sem o milagre azul.

Apesar da  pandemia ter produzido  efeitos colaterais benéficos, a humanidade perdeu a chance de  mudar completamente os esportes e a maneira de assistí-los.

O futebol sem plateia pode até ter  diminuído em entusiasmo, mas acabaram muitos desperdícios.

Ingressos eletrônicos mais baratos, o trânsito menos infernal, vagas de estacionamento multiplicadas, e a erradicação total das  torcidas organizadas briguentas, sem contar com eventuais  encrencas com as  patroas.

Isso se não for  lembrado o superfaturamento na construção dos estádios.

Tudo poderia estar diferente se estivéssemos vivenciando, na plenitude, o futebol novo normal.

A começar  pela retirada das engenhocas eletrônicas que ocupam telas de TV e aceiros dos gramados, e foi o pontapé inicial das mudanças que mexeram com todo o mundo e nem Deus poupou.

Com  ele, não  estaríamos recordando um dos gols mais famosos do futebol.

Quando usou Dieguito como cavalo para marcar o tento inesquecível da Copa de 86, Dios  fez de mão.

Se quisesse diferente, teria soprado nas bochechas do apitador.

Afinal, Ele está em todos os campos, a tudo vê e seu apito nunca falha.

A tecnologia, seus arbitrários operadores e a própria  FIFA  só ficam devendo uma explicação.

Como se faz para descomemorar um pênalti ou gol marcados?

E mandar de volta pra dentro dos pulmões, o grito de alegria, ou o impropério da revolta.

A quem interessa  acabar com os juízes-ladrões e suas queridas genitoras?

Agora, depois do silvo, o filho da mãe, pode simplesmente botar a mão na orelha, falar com seus parças e voltar atrás.

E como se um FHC fosse, mandar esquecer tudo que apitou.

Na pós-pandemia, foi perdida a última esperança para salvar  o esporte-rei e a alegria dos brasileiros.

O futebol sem revisão de arbitragem.

Entre tantas caneladas, uma só canetada da Bic presidencial e todos os nossos problemas esportivos  teriam sido resolvidos, à moda tabajara.

Bastavam um decreto-lei  e duas twitadas.

Curtos e na linguagem franca de quem se achava  ungido por quem goleou pelos argentinos e está acima de todos, até da CBF:

– VAR PRA PQP.

Futebol em Brodowski (1935) – Cândido Portinari – Museu Casa de Portinari, Brodowski, SP

(Publicação original em 17/06/2019)

     

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