2 de maio de 2024
CoronavírusDireitoFamilia

EM DEFESA DOS DIREITOS DOS AVÓS E DOS NETOS

7CCEA758-80E9-4BAD-874D-06F70C6C3700
Círculo do Bem – Juan Lucena, pintor espanhol, retratou avós, vítimas da pandemia, partindo sem poder se despedir dos netos

 

 


Com a chegada das vacinas, o grupo mais prioritário e velho, faz planos para quando a imunidade chegar.

Onze entre dez avós, nas entrevistas-flash de TV,  têm revelado a mesma intenção.

O abraço aos netos é o que primeiro vem às cabeças grisalhas quando perguntadas o que farão depois que se livrarem dos grilhões do isolamento sócio-familiar.

Esta realidade ainda não foi percebida pelos nossos antenados parlamentares

Com a impossibilidade de concessão de títulos de cidadania, por respeito à proibição de aglomerações de familiares e multidão de amigos nas sessões solenes e a exaustão do repertório de leis punitivas aos fura-filas, uma oportunidade para manter a chama dos holofotes acesa está à espera de um patrono.

Basta um decreto-lei ou instrumento legal que o valha,  para garantir aos avós, desde que mostrem o registro no print do RN+Vacina com a anotação da dose aplicada, para obrigar os pais a liberarem as visitas dos netos e os almoços dominicais.

Com direito a sessões vespertinas de Netflix Kids, torneios de Brawl Stars e a possibilidade de prorrogação da visita,  a ser encerrada somente depois da engordante massa pan da Pizza Hut.

É imprescindível que o representante do povo inclua na norma da lei, um mecanismo  que compense as perdas afetivas que sofreram os anciãos neste interminável ano.

O tempo perdido de convívio deverá ser calculado, auditado e acrescido ao que resta, cada vez mais curto, com término já avistado no horizonte, no poente da vida.

Ou que seja adiada ao máximo, a  chegada  quase certa  do implacável doutor alemão.

Para o reencontro, os nipotes também terão asseguradas suas prerrogativas que deverão ser ampliadas na nova legislação.

Eles serão ouvidos e se forem detectados prejuízos ou falta de algum presente em datas promocionais do comércio, serão os nonnos obrigados a  uma visita conjunta ao shopping, para escolha dos brinquedos em atraso.

As despesas  estarão garantidas em orçamento limitado à proporção do economizado com gastos supérfluos não concretizados, desde o início do distanciamento familiar.

Enquanto o salvo-conduto não chega ou o novo dispositivo legal esteja passando pelas diversas comissões do parlamento, o jeito é relembrar os momentos que fazem estas pessoas mais vulneráveis, não só ao vírus mas aos efeitos quase letais da saudade,  resistentes às chamadas de vídeo.

No aguardo da sanção do executivo, ainda há tempo de, tal cronista provecto,  contar de novo as mesmas estórias, como esta, postada neste Território Livre, há um ano:

Ao provocar, de mentirinha, que no quarto aniversário do segundo neto (numerado com orgulho, como todos os avós fazem), o presente seria um pijama com estampa de carneirinhos, veio de pronto a ameaça fulminante:

Se fizer isso, nunca mais venho chupar  jabuticaba com você.

Como não sou nenhum vovô-bobão,  já estou pesquisando se a Caixa Econômica financia Castelo do Aquaman.

123CF2DC-53FA-4CF8-8F3B-8D194D6ADB79
Davi, Luiz e outra criança não identificada

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *