6 de maio de 2024
Comunicação

EM VEZ DE INVÉS

As duas Fridas (1939)  – Frida Kahlo  –  Museu de Arte Moderna da Cidade do México.


De livre e espontânea vontade, confesso não estar sob pressão, nem sujeito a insinuações ou qualquer mando dos superiores hierárquicos,  e que nunca tive o saber, nem o menor conhecimento,  do que é uma
locução prepositiva.

Je suis innocent.

Antes do galo cantar pela terceira vez, um amigo manda uma mensagem apontando um erro gramatical, desses que só percebem, os das antigas, saudosos das broncas que levaram dos professores Saturnino e Amadeu.

Ou se mais  contemporâneos, de Crisan Siminéia.

Em atenção ao ilustre filólogo do Inharé, na devoção de Santa Rita de Cássia e em temente respeito ao seu posto honorífico de coronel da reserva não remunerada do exército da Freguesia de Santa Cruz,  a correção foi deferida e só quem deu print pôde chamar o parvo autor do textículo, de cabeça de ovo.

Para não errar mais, o jeito foi  procurar o avô dos burros.

Que os pais não estão nem aí para essas velharias.

Diferente da locução adverbial que exerce a função de um advérbio, a locução prepositiva exerce a função de uma preposição.

Juro, de mão espalmada sobre o primeiro tomo da Gramática para Concursos, que tão comezinha e ululante regra não era do meu conhecimento.

Io sono innocente.

Ao invés ou em vez (depois das explicações a seguir, a gente decide como fica) de escrever ao invés de,  era pra ter escrito em vez, de porque não estava me  referindo ao contrário.

Ao oposto.

Ao invés de   deve ser usado quando há o sentido de oposição.

Vigilante e crítica, como a da turma do PSOL.

Ao invés de ao invés de, em vez de tem utilização mais ampla.

No sentido de: no lugar de.

Como na regra três do esporte bretão, substitui o titular em qualquer posição. Até no gol.

Pode-se afirmar que em vez de é sinônimo de ao invés de mas o vice não versa e ao invés de não é sinônimo de em vez de.

Para quem achar que diferença tão sutil, na próxima encruzilhada gramatical, possa, de novo, descarrilhar o trem, o melhor é esquecer o invés.

E ao invés,  toda vez,  usar em vez.

Não vai ter erro.

Nem assunto magro para uma manhã de terça-feira gorda.

 

Diego e eu (1939) – Frida Kahlo – Coleção Eduardo Costantini, MALBA, Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires


(Publicada  no Mardi Gras de 2021, a regrinha gramatical volta ao TL para que seus leitores possam participar do joguinho de identificar quem dela faz uso correto na imprensa brasileira)

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