ENQUANTO O LOBO NÃO VEM
O hospital de campanha já pronto para o primeiro banho de mar e o outro prestes a ser inflado no campo de futebol, não custa nada lembrar nossas autoridades sanitárias para os cuidados com o grupo mais vulnerável.
Em Nova Iorque, um terço das mortes acontecem em abrigos de velhos ou nos hospitais para onde os velhos são levados.
Na Itália, os primeiros a morrer foram os velhos. De coronavírus. Depois, foram os velhos. De inanição. Solitários em seus apartamentos. Esquecidos. Eram velhos. Só.
Em São Paulo, o luxo do Sancta Maggiore não os protegeu.
Juntos, eles são mais frágeis.
E aqui, enquanto a situação está sob controle?
Além da retórica repetida e das solidárias referências nas notas e decretos oficiais, qual a estratégia?
Dá pra ser diferente.
Dá pra fazer diferente.
Nossa tradição é cuidar bem dos velhos.
Enquanto podemos, os mantemos em casa.
Na quarentena tem mais gente em casa para cuidar deles.
Aqui, abrigo é exceção.
É o nosso way of life.
Quantos lares geriátricos foram visitados pelos técnicos que inundam de gráficos e números aterrorizantes os programas de TV?
Sabiam que mesmos nas família substitutas, o isolamento é necessário e as atividades em grupo devem ser suspensas?
Custa pouco, convocar as famílias biológicas para levá-los para suas casas.
Enquanto os doentes não chegam (e serão eles mesmos, mais debilitados, os primeiros) levem os velhos sem famílias, para o hotel.
Isolados, alimentados, não irão precisar de remédio tóxico nem de leito de UTI em hospital de verdade.
Vocês não dizem que prevenir é melhor?
A propósito, desculpem a sinonímia espartana.
Idoso, é a ponte que caiu.