4 de maio de 2024
Bom SaberEconomia

Eólica: Força dos ventos do RN continua no topo da produção brasileira

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Deu no Globo 

Dos 174,7 milmegawatts (MW) de capacidade instalada para a geração de eletricidade no Brasil, a força dos ventos responde por 17,2 mil MW (9,8%), atrás apenas da produção hidrelétrica e da termelétrica, que somam 146 mil MW (83,4%).

Esses e outros números da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) atestam o avanço nacional da energia eólica nos últimos anos: com 822 usinas, o segmento tem outras 135 em obras, igualando-se à térmica, no patamar de 4,2 mil MW (36%), na liderança do ranking de potencial autorizado pela Aneel recentemente: um total de 11,5 mil MW, incluídas as demais fontes de energia.

A geração eólica foi a segunda em acréscimo de energia ao sistema elétrico brasileiro em 2020, tendo elevado sua contribuição em 1,7 mil MW, correspondente a 34,9% de toda a capacidade adicionada, que abrangeu 2,2 mil MW (45,3%) agregados pelas termelétricas.

O balanço anual da Aneel aponta o segmento como o de maior participação percentual de entrada em operação comercial no mês de dezembro: mais 549 MW de potência (69,4% da capacidade instalada no mês). Ao longo do ano, 53 novas usinas eólicas foram acionadas, quase todas do Nordeste, a região brasileira com maior potencial de ventos.

A escalada da produção eólica no país é resultado da combinação de vários fatores, a começar pela abundância de ventos, com destaque para a região Nordeste.

RN É LÍDER NACIONAL 

Líder nacional do segmento, o Rio Grande do Norte abriga um dos primeiros parques eólicos do Brasil, o Rio do Fogo, inaugurado em 2006 pela Neoenergia, como projeto pioneiro no âmbito do antigo Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa).

— A qualidade do recurso eólico no país nos coloca num patamar de aproveitamento muito maior do que o de países da Europa e da América do Norte.

De maneira geral, a mesma turbina eólica gera mais energia no Brasil — afirma a diretora de energias renováveis da Neoenergia, Laura Porto.

GANHO DE EFICIÊNCIA

Outros fatores são o avanço da tecnologia, que possibilita a fabricação de aerogeradores com torres mais altas e pás maiores, e o desenvolvimento de uma indústria nacional no segmento.

Como resultado, a geração eólica teve os custos de operação e manutenção reduzidos e ganhou eficiên- cia, escala e competitividade na comparação com outras fontes de energia.

No último leilão de energia da Aneel, em 2019, enquanto o megawatt/hora (MWh) das hidrelétricas foi cotado em R$ 157,08, o das eólicas ficou em R$ 98,89, valor corrigido no fim de 2020 para R$ 103,50, pela Associação Brasileira de Empresas de Energia Eólica (Abeeólica).

Fernando De Lapuerta, CEO da Statkraft Energias Renováveis, que opera um parque eólico com 95,2 MW de potência na Bahia, destaca duas outras vantagens que vêm estimulando a geração elétrica movida a vento:

— A fonte eólica no Brasil tem duas grandes virtudes alinhadas aos princípios  e proporcionam ganhos de eficiência, escala e competitividade

As perspectivas do mercado de energia eólica são vistas com otimismo pelo executivo, que invoca o papel reservado a essa fonte renovável no Plano Decenal de Expansão de Energia. Na última versão do plano, elaborada pela Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE), a capacidade instalada da geração eólica é prevista em mais de 32 MW, quase o dobro da atual. Laura Porto também vê futuro promissor para o segmento, que começa a mirar na produção eólica no mar.

— O Brasil tem enorme potencial para a eólica offshore. Já temos alguns projetos sendo desenvolvi- dos e acreditamos que, no médio prazo, esta tecnologia será viável no país — diz a diretora da Neoenergia.
Enquanto o aproveitamento do vento no oceano ainda é um sonho, as duas empresas estão empenhadas em triplicar a capacidade de geração eólica em terra. Com potência instalada de 516 MW em 17 parques no Rio Grande do Norte, Paraíba e Bahia, a Neoenergia está construindo mais 27 unidades em dois grandes complexos, na Paraíba e na divisa Piauí-Bahia. A Statkraft acaba de iniciar as obras de segundo complexo eólico na Bahia, com investimento estimado em R$ 2,5 bilhões, parte financiada pelo Banco do Nordeste.

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