ESCRITO NOS GRÁFICOS

Nunca se procurou tanto prever como será o futuro,  como agora.

O novo vem sendo anunciado como um normal diferente.

Todos querem saber muito mais que as cartomantes sabiam.

É a humanidade toda que tem necessidade de antever o que virá depois, e se será melhor que antes.

Saem os videntes.

As premonições, explicadas por cientistas ocupam todos os espaços da mídia.

Infectologistas e epidemiologistas, diante dos gráficos de curvas de contaminação, quais sensitivos com seus mapas astrais, veem quando estará tudo mais calmo e o perigo longe da curva da morte.

Como no tempo em que o porvir estava escrito nas linhas das mãos e nas frases enigmáticas do nosso querido horóscopo diário.

             (Publicação original em 17/07/2019)

OS ASTROS NÃO MENTIAM

Quando o Pindorama estava sendo descoberto e invadido por alienígenas brancos, na França, um médico, alquimista e vidente,  fazia  sucesso e assustava com suas profecias. Cifradas, rimadas, misteriosas. Coisas do outro e do fim do mundo.

Nostradamus, com suas Centúrias, anteviu o futuro. Que já veio. E já se foi.                          

Nenhuma  das cabeças coroadas que tiveram suas mortes anunciadas, escapou para contar a história.                              Todas as guerras previstas  aconteceram e chegaram ao fim.

As epidemias grassaram e acabaram.                                 Até Michael Jackson teve o fim trágico confirmado.

Tudo aconteceu, conforme indicavam os astros. Eventuais incongruências dependem apenas da interpretação de cada um.                               

100% de acerto. O mago francês nunca trabalhou com margens de erro.

No admirável mundo novo, da tecnologia e da ciência, continuou o fascínio pelo imaterial, imensurável, improvável e incrível.      

E ainda temos o sexto sentido pra deixar qualquer um crédulo.

Agora mesmo, acabo de ter um pressentimento e compartilho com vocês:

Enquanto existirem terremotos, erupções vulcânicas e chics e famosos adoecendo, morrendo ou se divorciando, haverá acertos nas premonições.

O vidente também foi vítima de interceptações. Telepáticas.                          Muito do que se atribui como de sua lavra não passou de falsificações, dignas de um verdevaldo. Ou se não tanto, de um pavão misterioso.

E uma mentira dita mil vezes, Goebbels sabia e a torcida do Bayern de Munique sabe, no que vai dar.

Quando o método científico entrou na órbita das constelações zodiacais, a astronomia encontrou a astrologia e do casamento transgênico, nasceram os horóscopos.

Em navios piratas, guiados por astrolábios, chegaram também à terra dos papagaios.

Em meados do século XX, um oráculo paulista fez sucesso por muito tempo na imprensa  ouvida, lida e assistida.

Chegou a ter suas previsões astrológicas transcritas diariamente por mais de 150 jornais, centenas de emissoras de rádio e era assunto frequente nos programas de TV. De fim de tarde e fim de ano.

Omar Cardoso não foi o único jornalista a se sair bem  dando palpites na vida alheia.

Na baixa da ribeira, na velha e sempre renovada Tribuna, nunca faltou o Horóscopo. Coluna mais antiga até que a de WM.

Há mais de 50 anos um redator, acumpliciado com um dos donos do jornal, sabendo da crença da irmã mais velha, nos elementos, regentes, ascendentes, decanatos e signos, passou a inserir em Gêmeos, orientações tão sutis como:

“Seria muito melhor se você não se intrometesse na vida dos seus irmãos”.

Acredite quem quiser.