ESCROTOS PODERES
De uma coisa não se pode acusar o capitão-presidente.
De não ser cartesiano.
Que não tenha a sua verdade e dela não arrede o pé. Nem a pau.
Um homem de ideias próprias. Que não abre nem pra um caminhão carregado de Fanta.
A não ser o barbeiro do Méier, ninguém faz sua cabeça.
Poucos sabem o que se passa por trás daquela franja à moda germânica, além das tempestades difíceis de organizar.
A maratona cívica que alcançou picos de audiência antes registradas somente por novelas estreladas por Odorico Paraguaçu e Roberto Jefferson, tem sido analisada de vários ângulos e interesses partidários.
Não fosse o termo trazido à tona, às câmeras e lares cristãos, não se poderia entender a semiótica nem a liturgia das apresentações.
Sem escrotizar, não dá pra entender bulhufas.
O ministro fujão, não precisou falar em arrependimentos. Estava na cara.
Pareceu o último a saber que estava sem clima naquela turma.
Nunca desconfiou que quando chegava numa rodinha, mudavam de assunto.
Tão cedo, já esqueceu seus tempos de juiz fodão (olhem que avisei) e conversou demais. Muita coisa difícil de provar depois. O que só se fala nos autos.
Data venia dos ilustres leitores forenses, pra desatar tanto nó, vai ter que invocar a doutrina do domínio de fato.
Se tiver a sorte de pegar, lá na frente, um ex-colega adepto da teoria da cegueira seletiva, pode ser que descole um prêmio de delação.
Ou um lugar de vice, numa chapa de centro-direita.
Sob merecido panelaço, a réplica presidencial foi mais performática e emblemática.
Começou com a ordem unida.
Perfilados, seguindo a marcha do ainda comandante.
Todos cientes da coreografia e dos seus lugares.
Estilo Domingão do Faustão. Sem dancinha.
Misóginos e racistas no pasarán!
Damares, Dona Teresa Cristina e Hélio Negão estavam lá pra isso.
Uma discriminação anotada.
Por que o filho deputado pôde e o vereador não?
Ele que até de Rolls Royce já desfilou.
O RN presente.
Em referências testemunhais, Parnamirim e Mossoró.
Além da figura pouco notada do ministro conterrâneo. Por questão de enquadramento das câmeras. E estatura.
Há quem tenha também decifrado uma evocação oculta, na escolha do verbo polêmico.
Aos que não captaram, uma pista de quem é especialista.
Preto.
Susto deu o novato da Saúde.
No fundão, pareceu que ia cair antes do colega da Economia.
Abria a boca, fechava os olhos, balançava de um lado pro outro. Teve quem notasse sua tez pálida, como a de Mick Jagger. Ainda bem que o tele-diagnóstico de turica não se confirmou.
Era só muita força pra não dormir em pé e pra mostrar que não está sendo fácil substituir o Mandetta.
A caráter mesmo quem compareceu foi Guedes, que quarentena é coisa séria.
Do jeito que foi tirado da cadeira-do-papai e da Netflix.
Não esqueceu a máscara. A única entre tantos infectados já com seus anticorpos protetores.
Viroticamente correto, deixou os sapatos do lado de fora da porta.
Só não manteve o distanciamento, por culpa do cerimonial e o riso, por motivos óbvios.
Elogiado ao vivo, só Weintraub que recebeu o selo de qualidade padrão ouro e a garantia que fica até o abismo final.
Na certa, por cumprir a dupla jornada.
Acumulando a de Roque eletrônico, na animação da manada remota, levantando a placa avisando a hora de tuitar.
A grande ausência foi a mais atrevida.
Mesmo lembrando da gordinha de Glicério, de homenagear a sogra e a mãe da sogra, de cassar o atestado de insanidade mental do Adélio, de querer ferrar o porteiro, mandar um alô pro Queiróz e espalhar a galinhagem do Zero4, esqueceu da gripezinha.
É muita escrotice junta.