EXAGEROS À PARTE
Há três anos, antes que a pandemia ocupasse todos os espaços, o noticiário tinha fôlego para trazer estórias de pessoas sem limites.
No interior de Goiás, um golpe de vivaldinos começou com a falsificação de remédios para emagrecer.
Até fugir do controle.
A voracidade da clientela ajudou.
Tanta procura que o jeito foi usar uma britadeira para misturar as substâncias.
Até na logística para a distribuição do produto, a falta de escala.
E medida.
Uma Ferrari no lugar de furgão.
No oeste da Bahia, um auto-intitulado e improvável cônsul, ganhava nos tribunais, o direto à propriedade de mais de 250 mil hectares de terras.
Ocupadas e produtivas.
O golpe começou pequeno, com questões de fundo de quintal.
Sem freios, foi dando certo e envolvendo cada vez mais gente. Graúda.
Até o ponto que não deu mais para continuar.
Nem parar.
Nem explicar.
Réu confesso em esquema de propinas, o ex-governador carioca – agora, prestes a ser transferido para uma cela em condomínio de luxo no Alto Leblon – confidenciou a um amigo que seu maior erro foi a falta de limite.
Não mostrou arrependimento pelo que fez, só pelo quanto fez.
Perdeu o timing do breque.
Chegou ao ponto de ter juntado tanto dinheiro que sua preocupação passou a ser como guardar tanta grana. Em espécie.
Sabia que não teria como gastar tamanha fortuna numa única vida.
Passou a ser movido por um incontrolável desejo de ter mais.
E a perder o sono com a preocupação que papel-moeda também mofa.
Exagero não é produto exclusivo da ambição.
O amor também solta as rédeas.
Um mecânico de Porto Velho ganhou seus 15 minutos de fama e viralizou nas redes sociais, pelo presente de Natal que escolheu para a mãe.
Ao invés de dar um treinamento intensivo à genitora, reincidente reprovada em testes de direção, ultrapassou pela direita e entrou na contramão.
A toda velocidade.
Travestido de senhora respeitável, rosto depilado com torturante cera quente, peruca grisalha, maquiado e até de unhas pintadas.
De carmim.
Tentou se passar pela mãe cangueira.
Na prova de volante, foi descoberto antes de engatar a terceira marcha.
Acabou em audiência de custódia.
Comedida no futebol apresentado, a seleção deixa para os futuros álbuns de figurinhas, cenas exuberantes de dancinhas, modelitos, cortes de cabelo, relógios de 3 milhões e bifes banhados a ouro.
Faltou um técnico que não exagerasse na empáfia.