27 de abril de 2024
Governo

FOLIAS EM REIS

 

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O anúncio que a gratificação natalina dos funcionários estaduais só será paga no dia 5 de janeiro, não causou revoltas.

O espírito da estação festiva tem resistido às ondas da pandemia e ao medo que se espalha na maré vazante.

E acalmado militantes.

Não se ouviram apitaços.

Nenhum sindicato armou barraco na frente da Governadoria.

Os combativos líderes classistas pareceram muito satisfeitos com o agendamento de outra reunião para o mês que entra.

Pra não dizer que não existem reclamações, um ou outro muxoxo de blogueiro com outros patrocínios. E só.

Ainda não atentaram que este  simples adiamento, por poucos dias, tem significado que vai muito além dos aspectos econômicos e da circulação do dinheiro.

É um marco cultural que o primeiro governo  feminino de origem popular, está assinalando.

Já era tempo de conceder aposentadorias compulsórias a certos mitos, alheios às nossas mais enraizadas tradições.

Alguém teria de tomar uma atitude corajosa contra tanto consumismo.

Não bastasse a black friday dilapidar os empréstimos consignados, seria temerário deixar que o crédito fácil avançasse também sobre o décimo-terceiro salário, ano novo a dentro, em até doze vezes,  com juros escondidos, por conta de uma lenda escandinava.

O tempo sempre dará razão ao governante com visão de futuro.

Imagine o desperdício, se no primeiro ano, a administração tivesse investido recursos em alguns setores.

Qual a serventia do Teatro Alberto Maranhão, se os espetáculos estão proibidos?

Quem precisa de biblioteca, com aulas suspensas desde antes do primeiro decreto de emergência, pela rotineira greve de todo ano letivo?

Não faz sentido a quadrigentésima reforma do Forte, se os turistas não aparecem mais.

Estava mesmo na hora de parar com as imitações e de retomar as melhores tradições judaico-cristãs.

Tempo de esquecer certos símbolos que nunca foram nossos.

Não sendo burras, as renas não se adaptaram ao seminário.

Os trenós não resistem às estradas esburacadas.

Santa Claus, de saco cheio com este calor infernal, vai obedecer ao lockdown decretado na Lapônia.

São novos os tempos e mesmos, os ventos.

A partir deste ano, como em Portugal,  a troca das prendas fica para o dia 6 de janeiro.

É assim que se resgata a cultura de um povo.

O resto, é folclore.

Gaspar, Belchior e Baltazar  sempre foram guiados por uma  estrela.

A nossa, agora é vermelha.

Feliz Dia de Reis e Próspero Ano Novo.

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