Genética ajuda a explicar o que leva algumas pessoas a morrer com Covid e outras só a tossir
Fonte: Filipa Almeida, para o site português Multinews
Ao longo do último ano e meio de pandemia, ficou claro que nem todas as pessoas reagem da mesma maneira ao SARS-CoV-2. Há quem consiga resistir ao contágio, quem seja infetado e tenha apenas sintomas ligeiros, quem desenvolva doença severa e quem acabe por perder a vida na sequência da Covid-19.
Mas haverá uma explicação científica para estas diferenças ou será aleatório? Estudos levados a cabo por investigadores italianos (consórcio GEN-COVID) mostram que há fatores genéticos que ajudam a explicar as reações distintas ao vírus. De acordo com o jornal El Mundo, a genética pode mesmo influenciar a forma como o corpo responde em tempo de pandemia.
«Conhecer os nossos genes é uma ajuda valiosa para o tratamento. Decifar o código genético não é fácil e são precisos conhecimentos não só de genética, medicina e biologia, como também de matemática e inteligência artificial», explica Alessandra Renieri, professora de Genética Médica da Universidad de Siena e coordenadora do consórcio italiano.
Em entrevista ao El Mundo, refere que foi esta transversalidade que deu origem ao GEN-COVID, que junta médicos, físicos, matemáticos, cientistas de dados e especialistas em novas tecnologias.
Até ao momento, o trabalho desenvolvido permitiu descobrir que alguns homens têm um defeito no sensor de ARN do vírus, designado TLR7. Na prática, o organismo não sente logo a chegada do vírus e, por isso, não ativa a primeira barreira de defesa, a imunidade inata.
O gene TLR7 está no cromossoma X e as mulheres que apresentam o mesmo defeito têm o segundo cromossoma com o gene que compensa esta falha. Por esse motivo, conseguem defender-se do vírus, ao contrário dos homens com o mesmo problema.
Já foi identificada também outra condição associada à população masculina: alguns homens têm uma proteína – a Selectina P – que origina coágulos sanguíneos mais facilmente do que deveria. A maioria dos homens com esta proteína tem mais de 60 anos ou receptores de testosterona menos ativos.
Conseguir identificar este tipo de condições genéticas será importante para adequar os medicamentos e os tratamentos a cada pessoa, garantindo que têm as melhores probabilidades possíveis de recuperação.
TL Comenta:
Sem esquecer Heráclito: “Nada é permanente, exceto a mudança”, nas grandes catástrofes e nas guerras, o que mais avança é a Ciência.