Herança de R$ 25 bi: Herdeiro de Joseph Safra processa mãe e irmãos
Do Estadão
Herdeiro de Joseph Safra – o homem mais rico do Brasil até sua morte, em 2020 –, Alberto Safra abriu um processo contra a mãe, Vicky Safra, e os irmãos Jacob e David, em mais um capítulo da disputa pela herança bilionária do pai.
Na última sexta-feira, 3, ele entrou com uma ação na Justiça do Estado de Nova York em que afirma que os irmãos diluíram de forma ilegal sua participação na SNBNY (holding que controla o Safra National Bank, um banco americano com US$ 9 bilhões em ativos, e que não tem relação com o Banco Safra brasileiro).
A nova distribuição societária, ainda segundo a defesa de Alberto, foi feita criando um lucro artificial derivado de uma reavaliação contábil da empresa – o que os advogados chamaram de “manobras financeiras e contábeis inexplicáveis e suspeitas”. Com base nesse lucro fictício, os irmãos teriam emitido novas ações, que foram alocadas para eles.
Com as supostas manobras, a participação de Alberto caiu de 28% para 13,4%. Sua irmã Esther também se saiu prejudicada, mas, posteriormente, teve sua participação elevada.
Também de acordo com o processo, Alberto só soube da perda de participação após a morte do pai, em dezembro de 2020.
A defesa ainda afirma que o balanço que registra o aumento do lucro era de 2019, mas foi publicado em 2021, e que todo o processo – feito pelos irmãos com a ajuda de diretores da companhia – tinha como objetivo pressionar Alberto “a vender sua participação em vários negócios da família.”
Outro ponto questionado pelos advogados do herdeiro é que, segundo eles, Alberto não tem tido acesso a documentos da holding nem conseguido indicar um nome para fazer parte do conselho de administração, o que seria seu direito. De acordo com a ação, a SNBNY alega “falsamente que uma revisão pendente pelo Federal Reserve (o Banco Central americano) impede Alberto de fazer a nomeação”. A própria autoridade monetária, acrescenta a ação, já teria confirmado não se opor à nomeação do herdeiro.
Procurados, assessores de Alberto afirmaram que, em “razão de atos ilegais e agressivos praticados por seus irmãos”, ele “não teve alternativa senão ingressar com ação judicial na Suprema Corte de Nova York para proteger os seus direitos”. “É lamentável que David e Jacob Safra tenham tomado tais ações ilegais. Por meio da ação judicial, Alberto Safra busca a proteção dos seus direitos.”
O OUTRO LADO
A família Safra refutou as alegações de Alberto e publicou a nota abaixo:
“Poucos meses após receber doação do Sr. Joseph, como antecipação de sua herança, Alberto deixou o Banco Safra, sem atender aos apelos feitos pessoalmente pelo seu pai e iniciou negócio concorrente ao Banco Safra, tendo, inclusive, assediado e contratado vários executivos do Grupo.
Nessa ocasião Sr. Joseph conversou com diversos executivos solicitando que não acompanhassem Alberto em sua empreitada, já que se tratava de uma afronta a ele próprio.
Após diversas recusas de Alberto de mudar seus planos, Sr. Joseph o deserdou e tomou medidas naquele momento.
Agora Alberto promove disputa contra toda a família, dizendo que o pai não teria motivos para fazer o que fez, alegando tratar-se de uma conspiração para prejudicá-lo.
A Família lamenta o caminho adotado por Alberto, que primeiro atentou contra o pai em vida e agora o faz contra sua memória, e refuta suas alegações.”