2 de maio de 2024
Cultura

INCERTA DAMARES

Criança morta (1944) – Cândido Portinari- MASP, Museu de Arte Moderna Assis Chateaubriand de São Paulo


O calendário hormonal continua à espera do seu
São Gregório.

Alguém que possa traçar outro meridiano de Greenwish e definir com precisão, quando termina a linha imaginária da adolescência.

Que o começo ninguém precisa se dar ao trabalho de procurar.

É ponto pacífico, no turbilhão ruidoso e exuberante que explode qualquer dúvida.

A criança madura, com sinais de prontidão para a função sexual.

É real.

É bíblico.

Está no primeiro livro.

“Cresceis, sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra.”

Sem datas para o pontapé inicial.

Sem prazos para o centro ser batido.

Religiões mais fundamentalistas, admitem o casamento – pelo menos para as meninas – já a partir de tenra idade.

O ocidente e a tradição judaico-cristã não aceitam o que poderia ser explicado facilmente pela biologia.

O que não se define é quando a fase adulta começa pra valer.

No fim da adolescência, por supuesto.

Os cara-pálidas, nem com ajuda da Psicologia, conseguem precisar quando acontece a alforria juvenil.

São encontrados jovens ainda não maduros, frutos de vez e dos paparicos maternais até os 25.

E mais.

Estão indo longe, os da geração nem-nem.

Depois viram cangurus, e quais carrapatos, não desgrudam dos cós maternos nem com mandinga bem feita.

Aos 18, podem tudo.

Dirigir, comprar bebidas.

Fumar.

Votar.

E para o voto, amadurecidos no carbureto, aos 16.

Preocupação dos pais, não devia ser também do Ministério da Família?

Para enfrentar o crescente números de mães precoces, a duas vezes ex-ministra uma vez citou o método contraceptivo mais eficaz, a abstinência sexual, não descartando todos os outros, mais falhos, que podiam ser empregados.

Adolescência primeiro, gravidez depois – tudo tem o seu tempo”.

Foi um Deus acuda a pastora.

Dois anos depois, eleita senadora, Damares Alves continua sua peleja contra a mídia raivosa, somada  aos que se elegem canceladores da vontade popular traduzida em votos.

Enterro na rede (1944) – Cândido Portinari – MASP, Museu de Arte Moderna Assis Chateaubriand de São Paulo

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