Incertezas de novo Governo faz Riachuelo estudar fusão com Arezzo ou Centauro
Do Valor
A Guararapes, controladora da Riachuelo, estuda uma fusão com uma de suas concorrentes no varejo de moda no país.
Nos últimos meses, buscando fortalecer seu negócio com uma operação mais ampla e diversificada, a companhia da família Rocha abriu conversas com a Arezzo e com a SBF, dona da Centauro.
Mas, além de encontrar um parceiro com quem tenha sinergias operacional e cultural, os Rocha querem manter a posição majoritária, segundo fontes – um desafio extra para uma operação desse modelo.
O cenário de consolidação de empresas no setor tem como pano de fundo a taxa de juros alta, inflação ainda elevada, em especial de produtos de consumo, inadimplência, e por incertezas sobre as diretrizes da política econômica do governo Luiz Inácio Lula da Silva. A Guararapes não é exceção.
Avaliada em R$ 3,1 bilhões, e empregando quase 30 mil pessoas, a Guararapes acumula queda de 35,2% no ano e quase 62% em cinco anos na bolsa de valores.
C &A E RENNER TAMBÉM NO MESMO BARCO
As rivais não ficam atrás.
Neste ano, até ontem, a C&A acumula queda de 65,04%, o SBF recua 43,84%, o grupo Soma cai 22,59% e a rede Renner tem baixa 14,59%.
Arezzo é exceção, com ligeira alta de 1,9% no ano, segundo o Valor Data.
As ações Renner e Arezzo acentuaram queda após o resultado das eleições. Do segundo turno até ontem, Renner cai 33,5%,
EMPRESA FAMILIAR E SUCESSÃO
Outra motivação para a Riachuelo se mexer é que os irmãos Flávio, Lisiane e Élvio Rocha, com cerca de 27% de participação cada um no negócio, têm interesses diferentes na companhia, desde a morte de Nevaldo Rocha, o patriarca fundador do negócio, em 2020 – ainda que a movimentação atual, segundo fontes, não tenha sido iniciada pela empresa.
Flávio Rocha e seus filhos são os mais engajados na companhia e não aceitam abrir mão do controle. Élvio, que não participa das decisões do dia a dia da empresa, e Lisiane e seus filhos são mais flexíveis em relação à venda de posição majoritária, segundo fontes ouvidas pelo Valor.
Os três irmãos, contudo, seguem alinhados e devem tomar uma decisão conjunta sobre os rumos da empresa, segundo uma fonte a par do assunto.
As conversas entre a Riachuelo e as concorrentes foram antecipadas pela agência Bloomberg, em reportagem publicada na sexta-feira (23).