2 de maio de 2024
Imprensa Nacional

Lembrando Carmen Mayrink Veiga; o que diz a roupa da mãe do menino Henry no dia do Julgamento

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Por Ruth de Aquino no Globo 

Quando vi a mãe de Henry de blusão largo de moletom branco, jeans e sandálias havaianas – sua roupa do presídio – chegando para o julgamento, pensei na mensagem que ela passaria para os juízes.

Despojada? Humilde? A antes perua abusava, em perfis sociais, de oncinhas, decotes profundos, roupas coladas, bijuterias e joias.

Ao depor na delegacia, 17 dias depois da morte bárbara do filho de quatro anos, fez uma selfie com os pés pra cima, o seio empinado em primeiro plano, o collant cavado deixando entrever a tatuagem. Sorrindo. Sem-noção total.

O QUE DIRIA CARMEN… 

Ao ver agora Monique no tribunal, despida de qualquer traço de vaidade no vestir – sem dispensar, porém, a sobrancelha feita ou a maquiagem – , eu me lembrei de Carmen Mayrink Veiga.

Carmen foi colunista de etiqueta em jornal popular do Rio. Eu dirigia a redação.

Ela respondia, na coluna, a dúvidas enviadas por cartas. Um dia, recebeu correspondência inusitada, de uma detenta no Rio, acusada de homicídio. As amigas de cela eram todas fãs de sua coluna.

“Dona Carmen, irei a julgamento na próxima semana. Estou preocupada. Qual é a roupa que devo usar para impressionar favoravelmente promotores e juízes? No primeiro julgamento, usei jeans, camiseta e tênis, e fui condenada. E agora, o que devo vestir?” – escreveu, em português correto.

Carmen ficou comovida.

Resistiu à óbvia sugestão – evitar listras horizontais – e deu uma dica. “Use uma roupa simples e sóbria, com meia-calça e sapato escarpin, cabelos penteados e maquiagem leve”.

Carmen frequentava altas rodas, mas sabia como a roupa e a postura podiam ajudar ou prejudicar na hora de pedir emprego. Suas “Dicas de Carmen”, lidas no Country, nas casas de classe média e nos presídios, foram tema de extensa reportagem do The Wall Street Journal em 1998. As trocas com leitores comuns deixaram Carmen menos dogmática no ensino das boas maneiras, segundo o WSJ.

Nos tempos atuais, em que muita gente boa, culta e liberada abandona qualquer ideia de discrição e etiqueta e se expõe, na saúde e na doença, na euforia e na depressão, de forma desavergonhada nas redes sociais, Monique não é exceção.

A imagem que emerge de seu Instagram é um desfile de mau gosto e exibicionismo impossível de deletar.

A cada sessão no salão de beleza, ginástica ou viagem, ela se emperequetava para se mostrar. Veja bem, tá cheio de Monique assim por aí. Os paparazzi perderam o emprego porque as pessoas viraram paparazzi de si mesmas. A tatuagem que fez para cobrir o nome do marido após uma briga? Está lá no Insta, no corpo, barriguinha encolhida de fora.

Trocou de roupa duas vezes para se apresentar na delegacia. Colocou um macacão escuro, cintado, com uma tiara no cabelo, mas seu advogado a aconselhou a vestir um conjuntinho branco mais discreto. Oscar Wilde, o maldito poeta irlandês gay, preso por sua homossexualidade no século XIX, dizia que “só os frívolos não julgam pela aparência”. Talvez.

Em julgamento, claro, não está a frivolidade mas a crueldade, o sangue frio.

Monique ignorou relatos da babá de que o padrasto Jairinho torturava seu filho. Ameaçou instalar uma câmera e exigiu grana do marido. Acobertou a versão do monstro sádico, foi presa de mãos dadas com ele…e depois disse que era oprimida. Monique sorriu após o crime escabroso. E escreveu na prisão: “Eu fui a melhor mãe que meu filho poderia ter tido”.

Não sei se Dona Carmen – sempre família e mãezona – teria estômago, hoje, para aconselhar Monique. Acho que não.

Mas ela vetaria o moletom com havaianas no tribunal. Diria: troque a roupa do presídio.

DO TL 

Troque o moletom porque ele transmite uma farsa e uma mentira que as pessoas já parecem fartas de saber.

One thought on “Lembrando Carmen Mayrink Veiga; o que diz a roupa da mãe do menino Henry no dia do Julgamento

  • NEIDE VAZ DE MELO

    Não tenho nada a ver com que Monique veste mas! É muito vulgar! Todas as roupas que aparecem no insta! Discrição não era o forte dela. Me choca ainda mais que um homem inteligente como Leniel não ficasse com vergonha de sair com uma mulher tão vulgar! Bonita ela é, um corpo lindo também, mas puts!

    Resposta

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