3 de maio de 2024
Luto

Luto em Mossoró: Corpo de Soutinho será cremado em Natal

Por – Blog Carlos Santos 

É com profundo pesar que comunico o falecimento de Francisco Ferreira Souto Filho, “Soutinho”.

O velório será na sua residência, na Praça Vigário Antônio Joaquim, Centro de Mossoró”. O comunicado foi passado à noite dessa quinta-feira (24) por Edith Fernandes Souto, mulher do empresário.

Não foi acrescentado que horas será o sepultamento nessa sexta-feira (25).

Soutinho estava com 95 anos. Nasceu no dia 7 de agosto de 1926, em Areia Branca.

Filho do industrial Francisco Ferreira Souto e Ester Burlamaqui Souto, Soutinho tem uma história de vida fascinante, marcada sobretudo pelo trabalho e humildade.

Herdou dois negócios prósperos deixados por seu pai, a indústria de sal F. Souto e o Banco de Mossoró, além de outros patrimônios.

Ao longo de sua vida sempre produtiva investiu em outros empreendimentos, sofreu derrocadas, soergueu-se, sempre com o mesmo perfil de sobriedade.

Foi por 62 anos contínuos, talvez um recorde no país, presidente do Sindicato das Industrias de Extração do Sal do Estado do Rio Grande do Norte (SIESAL/RN).

No dia 7 de agosto de 2009, quando ele completou 83 anos, publiquei uma crônica em sua homenagem, sob o título “Soutinho, um bosque espesso por inteiro“. Leia abaixo:

Ele quebra o conceito aristotélico, lá da antiguidade, que colocava o indivíduo diferenciado numa medida que tolerava o lado “b”, ou seja, talvez até o mal: “A virtude está no meio”. A moderação com Francisco Ferreira Souto Filho, o “Soutinho”, é diferente.

Não há nele essa composição para fazê-lo alguém “normal”. Soutinho é exageradamente do bem.

Discreto, trabalhador infatigável, polido, leal e acima de tudo decente. É assim o perfil inquestionável de Soutinho, que hoje aniversaria. Chega aos 83 anos.

Como antes, num passado de maior envergadura econômica de banqueiro e industrial, ele não se abre ao deslumbramento. Fecha-se no seu eu. Repete-se numa obviedade que mesmo assim não o faz comum. É acima de tudo um homem de bem, como fora à época em que muitos só o viam pela lente do ter. Pelos bens.

A frivolidade e a pompa nunca desmancharam sua espinha dorsal. Impassível sem se permitir passivo.

O poder, paixões e o radicalismo da política, que viveu ao lado da amada Edith, também não conseguiram desfigurá-lo na manada de contendores, Verdes contra Encarnados. Continuou assim: “souto”. Aqui o sobrenome é tratado intencionalmente como substantivo, extraído de sua origem latina, que significa “bosque espesso”.

Soutinho também não é diminutivo. Parece mesmo um aglomerado florestal. Uníssono, fonte de vida, multiplicador e base de um ecossistema que pode se renovar a partir de sua existência profícua, no sentido mais sublime desse termo, ou seja, a seiva moral.

Revela-se imperecível, inquebrantável, atemporal e umectado de honradez.

Imagino que alguém simultaneamente à leitura desta crônica se pergunte o porquê da homenagem que faço. É simples. É-me uma questão de crença.

Continuo devotado ao humano, não obstante deslealdades, ingratidões e leviandades comuns à natureza do bicho homem. Soutinho é um indivíduo real, em meio a postiços e tartufos, diante da ralé ou do aristocrata.

Recorro a Fernando Pessoa para enxergá-lo no todo, sendo apenas o que é: “Para ser grande, sê inteiro”. Só isso.

DO TL 

O corpo de Soutinho será cremando nesta sexta-feira no Cemitério Morada da Paz em Emaús em cerimônia restrita a poucos amigos e familiares.

Mas antes será velado por duas horas na sede da Federação das Indústrias em Natal, das 15 h às 17 h. Um homenagem da Fiern ao seu industrial ilustre.

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