6 de maio de 2024
Opinião

Marinho quer presidir Senado com o prestígio de Bolsonaro

Roda Viva – Tribuna do Norte – 30/11/22

Ancorado numa antiga praxe do Senado Federal – a bancada mais numerosa indica o seu Presidente – o norte-rio-grandense Rogério Marinho está todo mergulhado na luta pelo cargo contando com os votos e a simpatia de Jair Bolsonaro.

O PL, partido de Marinho (e do presidente Bolsonaro), tem uma bancada de 14 Senadores, seguido pelo PSD, partido do atual Presidente, senador Rodrigo Pacheco, que conta com 12 Senadores e está na luta para continuar no cargo.

A exemplo do Presidente da Câmara, Artur Lira, Pacheco está em franca campanha buscando o apoio do presidente Lula, expondo a posição do seu oponente, bolsonarista juramentado e homem da oposição, embora para se eleger na última eleição ele tenha feito um acordo por debaixo dos panos com a governadora Fátima Bezerra, petista há 30 anos, criando a chapa “Famarinho”, que elegeu os dois no RN.

Antes do resultado do segundo turno para Presidente, o plano de Rogério Marinho era se dedicar a política estadual, inclusive tirando licença do Senado para voltar ao ministério e priorizar as questões da política do RN. A vitória de Lula mudou tudo.

RN NO SENADO

O Rio Grande do Norte do Norte ocupou a presidência do Senado Federal uma única vez, em 2007, no meio de uma crise – o Renangate – que culminou com a renúncia da presidência pelo senador Renan Calheiros e a consequente escolha de Garibaldi Alves Filho, integrante da maior bancada, a do PMDB.

Garibaldi exerceu a presidência por pouco mais de um ano, iniciada com um discurso protocolar de 30 minutos, reafirmando o compromisso de lutar pela “recuperação da imagem do Poder Legislativo”, abalada pelas denúncias contra o ex-presidente de receber propina de uma empreiteira para si e para uma amante.

Na eleição interna, na bancada do PMDB, apareceu o nome do gaúcho Pedro Simon, reconhecido como um grande nome, porém carente de apoio no seu próprio partido.

No processo do Lava Jato, Garibaldi foi denunciado pelo procurador Rodrigo Janot, juntamente com Renan Calheiros e Aécio Neves, entre outros. Mas todos escaparam ilesos.

SEM RÓTULO

Sem ter recebido o rótulo de integrante da ala mais radical do bolsonarismo, que prejudicou alguns concorrentes na frente interna, como Damares Alves (DF), a primeira a se lançar, Marinho navega como um conhecedor do legislativo.

Rogerio Marinho tem procurado se fixar como homem do diálogo e espera ampliar as suas possibilidades na disputa.

Vale a pena registrar a posição do presidente Jair Bolsonaro, mesmo estando fora do governo, será um fator importante a ser levado em conta nas disputadas do Congresso, especialmente na eleição de fevereiro tendo começado a atuar no período que ficou no Alvorada, depois da derrota, atuando numa espécie de “home office”.

Rodrigo Pacheco, Presidente, candidato a reeleição, tem procurado isolar Marinho, com os seus 14 votos do PL. Pacheco tem concentrado seus esforços seus esforços juntos aos maiores partidos no Senado: PSD (11 Senadores), MDB (10), União (10), e PT (9), e acredita que outras legendas seguirão o mesmo caminho:  PP (6), Podemos (6), PSDB (4)  e PDT (3).

EMBALO DE BOLSONARO

A candidatura de Rogério Marinho para presidir o Senado ganhou corpo com a decisão do presidente Jair Bolsonaro de ter um candidato, contando com o envolvimento do Chefe da Casa Civil, senador Ciro Nogueira, logo no período pós eleitoral quando ficou trancado no Palácio do Alvorada, curtindo sua derrota.

Consta que Bolsonaro chegou a procurar o deputado Artur Lira, Presidente da Câmara e candidato a reeleição, numa estratégia para influir nas duas casas do Congresso, mas a conversa não prosperou porque Lira vem com conversas avançadas com o presidente Lula e com o apoio da bancada do PT a sua reeleição.

As resistências ao nome de Rogério Marinho começam entre senadores e deputados dentro do próprio PL. Parlamentares que criticam o nome defendido por Bolsonaro alegando a importância de dar espaço a outros senadores do partido que estão no Congresso Nacional há mais tempo. Isso porque o ex-ministro do Desenvolvimento Regional ainda tomará posse em fevereiro do ano que vem e já teria de chegar fazendo a sua campanha.

A constatação dessa resistência tem estimulado o líder do Governo no Senado, Carlos Portinho a defender a sua própria candidatura, embora haja o consenso de que o nome mais forte para bater o atual presidente, Rodrigo Pacheco, seja mesmo o de Marinho.

NOME DE PESO

Aos 59 anos, Rogério Simonetti Marinho, chega, em fevereiro, ao Senado Federal carregando o sobrenome de um dos maiores parlamentares brasileiros: o do seu avô, deputado Djalma Marinho, que dá nome a sede da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal. Isso depois de enfrentar uma difícil disputa, em que o seu adversário, Carlos Eduardo Alves, três vezes Prefeito de Natal, liderou a pesquisas em todo o desenrolar campanha para o Senado no RN.

Rogério foi Vereador em Natal, e Presidente da Câmara Municipal, onde elegeu-se Presidente da Associação dos Municípios, que lhe deu condições de se eleger Deputado Federal e comandar a reforma previdenciária no governo Temer, que lhe valeu o título de inimigo número um dos sindicatos, que atribuem a ele a perda do imposto sindical, uma excrescência combatida pelo sindicalista Lula, antes de entrar na política.

Marinho só tem dois meses para viabilizar o seu maior projeto político para conquistar um lugar de destaque na política nacional.

 

 

 

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