ME ENGANA QUE EU CURTO
Ingênuos e crédulos sempre foram clientes preferenciais, e vítimas fáceis das armadilhas de vigaristas, e seus contos.
Estórias manjadas do bilhete premiado não pegam mais ninguém.
Só são ainda vistas nas novelas.
Das 6.
O próprio celular foi usado por algum tempo em uma onda de sequestros simulados. Não enganam mais.
Muita gente pagou resgate para salvar a filhinha que chorava ao telefone e depois do prejuízo é que lembrava, só ter herdeiros varões.
As redes sociais estão cheias de hackers que se infiltram em grupos para pedir ajuda financeira, sempre em situações de extrema urgência.
E amigo, mesmo o virtual, é pra essas coisas, e momentos mais incertos.
Quando o golpe é divulgado, perde a utilidade.
É hora de partir pra outro.
Sempre fundado na boa fé, na usura e na pressa.
Repassado em meio-mundo de grupos, o filminho do sonho da corneada representava estágio mais avançado desta evolução. Muitos acreditaram no casal, no ciúme e na indignação.
Houve até quem fizesse um simulacro de análise psicológica, desde Sigmund Freud a Pedro de Lara.
Sabidos, sempre haverá. Patinhos, muitos mais.
Nas redes sociais, a graça só é alcançada com o anonimato.
As situações hilárias do cotidiano são compartilhadas porque podem acontecer com qualquer um.
E parecem com flagrantes da vida real.
Com o mistério desvendado, o cômico profissional perde a graça.
Humor artesanal, doméstico, familiar, não provoca risadas, se tem script e equipe de produção.
Sucesso faz agora, quem domina a técnica de adulterar vídeos reais, que ninguém deixa de jurar, serem autênticos.
Na campanha eleitoral, a toda poderosa rede de televisão, sem mais deter o monopólio da informação, teve que emitir nota oficial negando que a reportagem que viralizou, havia sido fraudada.
Que os números da pesquisa e os gráficos foram trocados entre os candidatos.
Como se ninguém conhecesse o timbre de voz de William Bonner, nem as caras e bocas de Renata Vasconcelos…
Antes que o sertão vire mar, já tem muita coca virando fanta.
Plim Plim
Rob Gonsalves (1959-2017) foi um artista canadense dedicado à arte fantástica do realismo mágico.
Seus quadros misturam o mundo real e o imaginário, fazendo o espectador refletir sobre o que está vendo e tente desvendar seus mistérios.