Mesmo em silêncio, Centrão desembarca de narrativa suicida de Bolsonaro
Da Veja
Um político experiente e com o mínimo de pensamento estratégico passaria 24 horas por dia falando das últimas conquistas do Governo como, por exemplo, o controle do aumento do preço dos combustíveis ou o Auxílio Brasil na boca do caixa.
Mas Bolsonaro, para desespero de seus aliados, gasta valioso tempo a falar de urna e de fraude eleitoral, um discurso de candidato derrotado, como dizem os integrantes da campanha bolsonarista com certo desalento.
Nos estados, a oposição, que ajudou a aprovar o pacote bilionário de benefícios sociais no Congresso, já capitaliza a chegada do dinheiro junto ao eleitorado.
Bolsonaro, que tem nas mãos o poderoso holofote da Presidência, vem perdendo essa batalha de comunicação.
“O presidente só sabe pregar para convertido, só fala para esse povo radical que gosta do discurso contra a urna. Isso não atrai um único voto para ele fora da bolha. E ele precisa de voto. As nossas pesquisas mostram que ele está estagnado há semanas”, diz um aliado.
Não é por falta de conselho que Bolsonaro vem colocando a perder suas chances de reeleição.
Os caciques do centrão apelam com certa frequência para que ele vire o disco, esqueça o TSE e passe a falar das conquistas do governo.
Bolsonaro, quando não fala de urna, fala de arma ou de outras abobrinhas, mas nunca do que realmente é importante.
“Cada erro de Bolsonaro nessa fase está sendo anotado. É o famoso ‘eu avisei’.
Os erros serão lembrados no momento do desembarque, quando a vitória de Lula ter se tornado inevitável”, diz um apoiador do presidente.