MINEIRO AGORA (FINALMENTE) É FEDERAL
Terceiro candidato mais votado para deputado federal nas eleições de 2018, Fernando Wanderley Vargas da Silva, amargou o banco de reservas enquanto pelejava que os tribunais fizessem justiça com os quase cem mil eleitores que confiaram a ele, o voto livre.
De intermediários e outras lideranças remuneradas.
Primeiro vereador do Partido dos Trabalhadores em Natal (e em todo o estado), tornou-se parlamentar exemplar.
Na Câmara Municipal e na Assembleia Legislativa, foi sempre a voz mais ouvida nas bancadas de oposição.
Não demonstrou o mesmo desempenho quando os ventos das mudanças e engenharias políticas o levaram para o porto de águas mansas dos mares da situação.
Não combinava com ele, a defesa de governos burgueses e oligarcas.
Disputou cargos majoritários, sempre na segurança do mandato legislativo, como disciplinado militante, para marcar presença, cumprir o regulamento e fortalecer o grupo partidário.
Resistiu enquanto pôde aos cantos das sereias que instigavam a troca de status.
Mineiro Federal.
O slogan foi ficando guardado para quando chegasse seu tempo.
Soube fazer a hora e esperar acontecer.
E ela veio, no momento em que seu partidão vivia os piores momentos.
O cenário regional e o programa de distribuição de renda garantiram a resistência e a eleição da governadora, companheira com quem vivia uma espécie de casamento de conveniência, com as diferenças e rusgas escondidas entre as quatro paredes e muitas tendências do diretório do partido.
Em 2018, pela primeira vez, os institutos de pesquisa não acertaram os nomes do chapão, dos 8 pré-eleitos na rachadinha dos currais eleitorais.
Pintou uma dupla-zebra.
Montada na solidariedade a um trágico drama familiar e na novidade do que seria (e não tem sido). apenas mais um rostinho encantador.
A frustração da derrota e as bodas de esmeralda garantiram da consorte, um prêmio de consolação, um encosto na sombra e um cargo de pomposo nome.
Secretário Extraordinário para Gestão de Projetos e Metas de Governo e de Relações Institucionais.
Biólogo, bom na comunicação, sua não convocação para o pelotão da linha de frente do combate à pandemia foi um enorme erro estratégico.
O assessor de coisa nenhuma poderia ter feito a diferença.
Um coronel seridoense avançou suas tropas, dispensou o benefício do isolamento geriátrico e acabou como grande vencedor da bateria que surfou a primeira onda da doença.
Dispositivos da legislação eleitoral e respeito pelo deputado que se retira, à parte, a bancada federal ganha um preparado parlamentar e tem a chance de sair do anonimato.
Vai lá, Mineiro, arrasa.
Agora é com você. Não maneire o pau.
Repete o que já foi feito por aqui.
Só não vale, com sua galera escatológica, ocupar aquele gabinete do terceiro andar do Palácio do Bozo.
(Texto publicado em 30/01/21, sob o título Mineirice Federal, depois que o TRE conferiu o diploma de Deputado Federal a Mineiro. Sua posse nunca foi possível, graças a liminares do TSE)