4 de maio de 2024
Eleições

MINEIRO AGORA (FINALMENTE) É FEDERAL

 

 

Colagem sobre cartoon  de Ziraldo – Mineirinho (1984) 


Terceiro candidato mais votado para deputado federal nas eleições de 2018,
Fernando Wanderley Vargas da Silva, amargou o banco de reservas enquanto pelejava que os  tribunais fizessem justiça com os quase cem mil eleitores que confiaram a ele, o voto livre.

De intermediários e outras lideranças remuneradas.

Primeiro vereador do Partido dos Trabalhadores em Natal (e em todo o estado), tornou-se parlamentar exemplar.

Na Câmara Municipal e  na Assembleia Legislativa, foi sempre a voz mais ouvida nas bancadas de oposição.

Não demonstrou o mesmo desempenho quando os ventos das mudanças e engenharias políticas o levaram para o porto  de águas mansas dos mares da situação.

Não combinava com ele, a defesa de governos  burgueses e oligarcas.

Disputou cargos majoritários, sempre na segurança do mandato legislativo, como disciplinado militante, para marcar presença, cumprir o regulamento e fortalecer o grupo partidário.

Resistiu enquanto pôde aos cantos das sereias que instigavam a troca de status.

Mineiro Federal.

O slogan foi ficando guardado para quando chegasse seu tempo.

Soube fazer a hora e esperar acontecer.

E ela veio, no momento em que seu partidão vivia os piores momentos.

O cenário regional e o programa de distribuição de renda  garantiram a resistência e a eleição da governadora, companheira com quem vivia uma espécie de casamento de conveniência, com as diferenças e rusgas escondidas entre as quatro paredes e muitas tendências do diretório do partido.

Em 2018, pela primeira vez, os institutos de pesquisa não acertaram os nomes do chapão, dos 8 pré-eleitos na rachadinha dos currais eleitorais.

Pintou uma dupla-zebra.

Montada na solidariedade a um trágico drama familiar e na novidade do que seria (e não tem sido). apenas mais um rostinho encantador.

A frustração da derrota e as bodas de esmeralda  garantiram da consorte, um prêmio de consolação, um encosto na sombra e um cargo de pomposo nome.

Secretário Extraordinário para  Gestão de Projetos e  Metas de Governo e de Relações Institucionais.

Biólogo, bom na comunicação, sua não convocação para o pelotão da linha de frente do combate à pandemia foi um enorme erro estratégico.

O assessor de coisa nenhuma poderia ter feito a diferença.

Um coronel seridoense avançou suas tropas, dispensou o benefício do isolamento geriátrico e acabou como grande vencedor da bateria que surfou a primeira onda da doença.

Dispositivos da legislação eleitoral e respeito pelo deputado que se retira, à parte, a bancada federal ganha um preparado parlamentar e tem a chance de sair do anonimato.

Vai lá, Mineiro, arrasa.

Agora é com você. Não maneire o pau.

Repete o que já foi feito por aqui.

Só não vale, com sua galera escatológica, ocupar aquele gabinete do terceiro andar do Palácio do Bozo.

Mineirinho, o comequieto – Ziraldo –  Revista Playboy, novembro de 1984

(Texto publicado em 30/01/21, sob o título Mineirice Federal, depois que o TRE conferiu  o diploma de Deputado Federal a Mineiro.                                     Sua posse nunca foi possível, graças a liminares do TSE)

 

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