2 de maio de 2024
Coronavírus

MISOLOGIA NUNCA MAIS

Os Jogos Fúnebres de Pátroclo (1778) – Jacques-Louis David – Galeria Nacional da Irlanda

Faltaram moderação e humildade para lidar com a tragédia sanitária que desnudou a precária capacidade de reação do mundo civilizado.

Sobraram desencontros, retórica e polêmica.

As possíveis soluções, a partir do emprego de recursos materiais ilimitados, mostraram-se insuficientes.

A ausência de uma liderança global afastou mais ainda o utópico entendimento e aumentou a distância entre ricos e pobres.

O extremismo das ideologias políticas, embotou o pensamento sereno e inibiu quem podia ter oferecido ideias razoáveis, menos traumáticas.

Os mesmos que se arvoravam de guardiões das verdades absolutas, não conseguiram acionar a lanterna onisciente quando penetraram no ambiente escuro das novas apresentações do vírus.

Os sábios do Olimpo, do platô que pensavam ocupar, no ápice do cabedal dos conhecimentos científicos, foram levados rapidamente à planície da ignorância rasteira.

Mutações rápidas pariram cepas batizadas em letras gregas, surpreenderam e colocaram  sob suspeita, a confiança na imunização como destino final da jornada de sofrimento.

Tivesse havido  mais empatia, teria sido mais razoável a aceitação de posicionamentos céticos.

Não teriam sido julgados pelos tribunais da inquisição midiática, aqueles que lembraram que o pico e recorde de contaminação, na primeira onda, antes do vacinado inicial, também caíram para os mesmos índices observados às vésperas das terceiras doses.

Foram proibidas discussões honestas sobre a imunidade naturalmente adquirida, prazos de validade e limitações dos imunizantes que eram, mas não poderiam ser chamados de experimentais.

A moderação teria substituído o extremismo na flexibilização das medidas restritivas.

Ninguém teria sido acusado de ameaça terrorista, nem de vigilante fascista, por conta do não uso de máscaras em ambientes abertos.

A mesma sociedade que abomina preconceitos e clama igualdades, defendeu com todos os rigores da sanha punitiva, os passaportes vacinais, apartheid tão cruel quanto o que segregava pela cor da pele.

As vacinas que antes, anunciavam completamente eficazes quando atingissem 60% da população, foram incapazes de permitir o convívio com a minoria dos que não as aceitavam por razões pessoais, e quase levou  à volta dos campos de concentração e das câmaras de gás, para os refratários, obscurantistas não vacinados.

Agora que  o tempo está concluindo sua aula magistral, a misologia, este ódio voltado contra o raciocínio lógico, não pode ser esquecido.

A Morte de Sócrates (1787) – Jacques-Louis David – MoMa, Museu Metropolitano de Arte, Nova Iorque

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