MUITO PRAZER
O horário eleitoral começou em ritmo de thriller e direito a anticlímax.
O comum é que os candidatos se apresentem serenos, falem das origens e digam suas motivações para estarem na disputa, postulando o importante cargo.
São sempre muito diretos e previsíveis.
–Meu nome é Farinha.
Assim como aqueles que comparecem só para serem lembrados nas próximas vezes, ajudando na renovação dos mandatos parlamentares que já mantêm há muitas eleições e acumuladas derrotas majoritárias.
Quem tem um tempinho a mais, aproveita para explicar o sotaque diferente.
E todo o esforço para não parecer forasteiro, falando como se comedor de camarão tivesse nascido.
Vale mostrar a coleção de postagens no #tbt.
Quem sabe, a foto em sépia daquele bebezinho johnson&johnson não conquista os indecisos que tenham jurado nunca mais votar em ninguém do ex-maior partido do ocidente.
Correu o risco de aumentar a insatisfação da militância ao travestir a candidata queridinha, em locutora-apresentadora.
Diante da fraca performance nas pesquisas, a pergunta inevitável, fica no ar e nas reticências.
-Não teria sido melhor…
Se aquelas estórias dos fígados das crianças são verdadeiras, de uma coisa é certa, eles não são autoantropofágicos e até esquecem as divergências internas. À exceção dos garis, vereadores e picaretas.
O reincidente com muitas ideias e um telefone fixo na mão, entrou no riacho pra indicar o caminho para o site que mostra o que o tempo, medido em décimos, não deixa, no guia para o eleitor.
O perigo é que no zapping o telespectador curioso associe o link às centenas de filmes e séries no canal de assinatura homônimo e prefira assistir aos lançamentos e novas temporadas.
O segundo maior tempo entre os 14 concorrentes ao cargo majoritário, foi preenchido com acusações ao líder nas intenções de votos.
De fujão a outros aumentativos, ninguém esperava que na estréia já houvesse tanta incontinência verbal.
O primeiro capítulo só não foi mais eletrizante porque no flashback apresentado, o candidato alvo não havia comparecido ao debate onde foram geradas as delações.
Nem sempre a mensagem que se quer passar é traduzida nas imagens apresentadas.
Houve um certo descuido com a semiótica.
O xerife, com jeito de empresário que resistiu ao baque econômico da pandemia numa boa, foi quem mais deixou dúvidas e nebulosa, a própria credibilidade.
Esqueceu que os bambambãs que prendem e arrebentam, usam óculos escuros, mesmo diante dos holofotes e do breu das noites.
O modelito escolhido combina mais com quem vive em operações nas delegacias de turistas e cargos comissionados.
Mostrou ter pouca intimidade com importante ferramenta da investigação policial.
Seu serviço de inteligência falhou quando não tomou conhecimento da viagem do prefeito à Brasília na noite fatídica. A informação teria evitado o mico da performática busca e apreensão, frustrada diante de testemunhas e câmeras.
Os legalistas hão de perguntar pelo mandado de prisão.
E pelo estado de direito.
Os privativistas, se a segurança foi terceirizada e se vigilante já pode ser promovido a cabo e sargento.
Como o espetáculo apenas começou, é de se esperar mais emoções.
E outros fetiches.
Além das algemas.