MUNDO TÃO DESIGUAL
Pronunciamentos presidenciais são eventos que agitam a imprensa, despertam a atenção de todos, servem de matéria prima para discussões no parlamento e pauta dos analistas políticos.
Com pompa e circunstância, os horários nobres nas TVs são reservados. Os chefes das nações, empregam todo carisma e argumentos para anunciar mudanças nas vidas das pessoas.
Com a pandemia, estes canais de comunicação se tornaram tão frequentes, que perderam o impacto da excepcionalidade.
No Brasil, há muito que estas práticas estão corrompidas.
Adulteradas. Falsificadas. Fajutas. Vulgares.
De tão comuns, as declarações do presidente já não repercutem como antes. Como devem e precisam.
Sem a cobertura da mídia, as sessões diárias caóticas no cercadinho do portão do Palácio da Alvorada pouco rendem em esclarecimentos e polêmicas.
Se bem que nunca mais um repórter esteve ameaçado de sair da tumultuada entrevista com a boca cheia de porrada.
Não ocorreram mudanças significativas na forma do capitão-presidente passar suas ideias.
O estilo é o mesmo. O de sempre.
Respostas nos tons e pesos das perguntas.
Mesmo quando não aparentam as segundas intenções que enxerga e têm.
Seu entendimento da maior tragédia sanitária seria sui generis, não fosse espelhado no colega norte-americano.
Ambos, a princípio, menosprezaram a doença que já devastava a Europa, talvez confiando na proteção da imensidão do oceano que separa os dois mundos, para em seguida encontrarem uma solução simplória. E um culpado pela tragédia.
Os danos causados às famílias e à economia já impediram uma reeleição e acende o sinal de alerta para a outra.
E as mesmas desculpas, baseadas em fraudes eleitorais, são apresentadas.
Com voto impresso ou volátil, pouco importa.
A chegada da tão ansiosamente esperada vacina coincide com a troca de comando no mais poderoso país do mundo.
Lá, são aguardadas profundas mudanças.
Pela demora em felicitar o vencedor, não se espera a continuação do alinhamento que dura dois anos, sem qualquer contrapartida.
Joe Biden que no discurso de declaração de vitória conclamou a união de todos para o enfrentamento das enormes dificuldades, prepara para o da posse, o lançamento de um desafio. Pedirá que todos os americanos usem máscaras, por cem dias.
Os três últimos presidentes dos Estados Unidos já anunciaram que vão ser vacinados juntos, como exemplo e estímulo para maior adesão da população.
Por aqui ninguém teve a ideia de reunir Sarney, Collor, Lula, Dilma e Temer num vacinaço.
Nosso Messias já declarou que não pretende tomar a vacina. E não só a chinesa.
Tudo bem que ele, já tendo sido infectado, está no direito de achar que adquiriu imunidade.
E o seu rebanho, como fica?