Nominatas aparecem com o fim do prazo

 

Roda Viva – Tribuna do Norte – 30/03/22

Há quatro anos que a política brasileira vem funcionado em razão da mudança imposta na última reforma que virou completamente a lógica do funcionamento dos partidos políticos.

Os partidos existiam com a facilitação de uma legislação que não tinha preocupação em estabelecer a identidade (política e ideológica) do voto, uma vez que as coligações eram livres e sem limites…

Eles se coligavam com quem quisessem, e assim conseguiam atender a todos. Sobretudo aos seus donos.

Na coligação do voto proporcional todos eram atendidos, mesmo faltando uma tintura mínima de identidade política de cada um.

A coligação era feita tendo como limite final a apuração dos votos; e depois cada um tomava o seu caminho, sem nenhum outro compromisso de ordem política ou ideológica..

Aqui no Rio Grande do Norte este modelo permitiu que nas duas últimas eleições as oito cadeiras de Deputados Federais fossem distribuídas por oito partidos diferentes cada uma.

Mas, sem coligação, isso se torna uma missão impossível até porque nenhum partido consegue sozinho fazer o quociente eleitoral e eleger um Deputado com seus próprios votos, obrigando a formação de novas alianças e composições dentro dos próprios partidos.

ARRUMAR A CASA

Os últimos dias, foram marcados por um trabalho de arrumação partidária a partir da formação da nominata de cada um, como se fosse um jogo de encaixe.

Cada nome novo que entrava, tinha de ser avaliado com as outras arrumações, em alguns casos se tendo de examinar a lista completa e, em alguns casos de mudar a lista toda.

Pelo que foi observado essa situação deve continuar até o último minuto.

O Jogo da Nominata virou um jogo de encaixe, como já foi dito. Um tipo de Lego político, onde os nomes que entram tem de encaixar no todo.

Muito mais do que um brinquedo, o Lego é um sistema que estimula a criatividade e a concentração. Para isso, baseia-se em quatro ações, conhecidas como os 4Cs: construir, conectar, contemplar e continuar.

Sobretudo nessa reta final um nome para entrar precisa de diferentes exames, e algumas vezes a nominata estadual influindo na federal, e vice versa.

Existem casos em que um nome para a chapa de deputado Estadual, sobrou porque o pai não foi aceito pelos correligionários (e concorrentes) na chapa federal.

MDB MENOR

Por causa de nominata, pela primeira vez em toda a sua história, o MDB fica sem ter um só representante na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte.

Mesmo no seu início, depois do Ato Institucional nº 2 que extinguiu todos os partidos existentes e implantou o bi-partidarismo. O governo dos militares criou a ARENA (Aliança Libertadora Nacional) e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) foi consentido como o partido da oposição.

O MDB, naquela oportunidade, elegeu três Deputados Estaduais no RN : Roberto Furtado, Pedro Lucena e Geraldo dos Santos Queiroz.

Até o mês passado, o MDB contava com dois Deputados na nossa Assembleia Legislativa: Bernardo Amorim e Nélter Queiroz, porém os dois decidiram mudar de legenda, tudo combinado com a direção partidária, que negociava um acordo na chapa majoritária.

A direção do MDB priorizou um lugar na chapa majoritária, e concordou em liberar os seus dois deputados, para entrarem na nominata do PSDB, de Ezequiel Ferreira de Souza.

A GRANDE EXCEÇÃO

Embora se diga que coligação no voto proporcional acabou, ainda pode pintar uma grande exceção.

A coligação no voto proporcional é possível com a criação de uma federação partidária, e os seus candidatos ficam ligados à Federação por todo o mandato.

Este assunto está ainda sendo examinado, justamente, no Partido do Governo, o Partido dos Trabalhadores, que criaria uma Federação com o PC do B e o Partido Verde, com pelo menos cinco detentores de mandato.

Se vai acontecer essa coligação para o voto proporcional só o tempo dirá.

E essa decisão não terá como demorar. O derradeiro prazo termina no sábado, mas os advogados que trabalham com direito eleitoral, geralmente adotam o penúltimo dia como sendo o último, assim, dentro dessa lógica sexta-feira acaba tudo.

Mas é preciso deixar um espaço para o elemento-surpresa, sobretudo com a junção de mais de uma legenda que não será destro das mais cotadas neste momento.

TUDO PELO QUOCIENTE

No fim, chegamos ao princípio: – A conquista do quociente eleitoral para cada legenda.

Quociente é a soma de votos válidos, divididos pelo número de cadeiras a serem preenchidas.

No popular as projeções são feitas com 220 mil como o provável quociente para Deputado Federal e 70 mil o provável para Deputado Estadual no Rio Grande do Norte.

Muita gente tem dedicado tempo integral na busca dessas metas mágicas e imprecisas.

Na chapa estadual o PSDB parte com um verdadeiro “dream teem” de candidatos, e a coordenação de Rogerio Marinho e Ezequiel Ferreira, que tem resultados significativos a apresentar nos últimos pleitos.

Em matéria de bancada estadual, além do PSDB existe o União Brasil, (formado pelo DEM e PSL) que tem Paulinho Freire no comando. Paulinho que é candidato a Deputado Federal.

Passada essa página ai chega a hora e a vez dos palanques. E mais sete meses até a hora do voto.