2 de maio de 2024
Meio Ambiente

NOSSA TRAGÉDIA GREGA

Para paulistanos da Barra Funda, uma simpática taverna de esquina tranquila, com mesas espalhadas pelas calçadas, onde convivem em paz, as culinárias grega e turca. O chopps e o ouzo.

Do outro lado do mundo, no porto de Pireu, mais um restaurante, da sofisticada alta gastronomia mediterrânea.

Se engana quem associa o nome comum, Laskarina a um grande chefe de cozinha ou a alguma iguaria exótica.

Enquanto no jogo de cartas marcadas, de pai para filho, sem brigas, só com um único e ensaiado grito, conquistávamos a nossa, os fundadores da democracia estavam em luta sanguinária pela deles.

Na independência ganha nas hercúleas batalhas contra o império otomano, uma heroína fez nome e história

Nascida numa prisão de Constantinopla, onde o pai cumpria pena e faleceu, foi criada em Hydra sob a proteção dos deuses e da rainha Iemanjá.

De ilha em ilha, a paixão pelo mar.

Em Spetses, pelos homens, ancorou.

Mais uma helena à espera dos viageiros, duas vezes jogados ao mar com todas as honras que só capitães de longo curso recebem.

Na nesga de terra firme, sete filhos pra criar e uma imensa fortuna a cuidar.

Ao invés dos longos bordados, teceu grandes navios.

Agamemnon, a jóia da sua coroa de louros, com 18 canhões, venceu a guerra e seus sultões e libertou as mulheres dos haréns.

A vida, finda aos 55 anos numa batalha sem fama. Um tiro vingativo ao furto de uma moça pelo filho apaixonado.

A contra-almirante-póstuma Laskarina foi a primeira mulher condecorada pela marinha russa.

Em cada cidade grega, uma rua tem seu nome.

No coração e nas mentes dos compatriotas, veneração.

Vida, glória e memória perpetuadas no museu insular, um dos 1000 lugares para se conhecer antes de morrer, agora manchadas para sempre.

Pelos mares, parrachos, mangues e praias de terras tão distantes, Laskarina Bouboulina também jamais será esquecida.

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