1 de maio de 2024
Direto de Brasília

O dia em que o senador Girão se transformou em… “Girinho”

O circo estava armado na Comissão de Direitos Humanos do Senado. Escalado para o papel de palhaço, o ministro Silvio Almeida seria devorado num espetáculo antiaborto estrelado pelo senador Eduardo Girão, um tigre do bolsonarismo.

De repente, o ministro qualificou a cilada concebida que para desqualificá-lo nas redes sociais. Com um sabão memorável, ganhou ares de domador.

Girão virou ‘girinho’, um bolsonarista amestrado.

O senador havia recolhido um feto de plástico na bancada da colega Damares Alves, outra fera da jaula de Bolsonaro.

Avançou sobre o ministro para lhe entregar a peça. Silvio Almeida, invocando a filha que está por nascer, recusou-se a participar da pantomima. Chamou a performance pelo nome: “Escárnio”. Definiu com uma palavra a exploração abjeta de um problema tão sério: “Inaceitável”. Pediu e obteve “respeito”.

Na aparência, incrível e inacreditável são sinônimos. Mas a cena vista no Senado revela que as duas palavras não querem dizer a mesma coisa. “Incrível” é elogio. “Inacreditável” é depreciativo, é o que você se recusa a acreditar.

De tão incrível, o comportamento do ministro de Direitos Humanos deveria ser adotado como modelo de reação à milícia legislativa de Bolsonaro. De tão inacreditável, a ação do senador Girão deveria ser tomada como alerta para os lacradores que recorrem aos mesmos métodos abjetos.

Sentado e sem elevar o tom de voz, Silvio Almeida demonstrou que um mínimo de altivez é suficiente para domesticar os lacradores, reduzindo-os à sua insignificância.

Por Josias de Souza no UOL 

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