12 de maio de 2024
Política

O FUTURO QUE NOS ESPERA

Uma Dança para a Música do Tempo (1638) – Nicolas Poussin – Wallace Collection, Londres.


O resultado da eleição para prefeito – sem novidade ou zebra – mal havia sido anunciado, um palpiteiro neófito, em brado ousado,  fez previsão a ser conferida em dois anos:

Viva a nova prefeita!

A mais sem graça e desanimada de todas as campanhas eleitorais chegava ao fim, sem disputa em diversidade de gêneros, mas na   fórmula repetida há mais de 20 anos.

Eleger dois  prefeitos de uma só vez.

Como das outras, neste século XXI,  todos os vice-prefeitos de Natal haviam assumido o cargo, por renúncia ou afastamento do titular.

A primeira experiência sem coligações partidárias, obrigara o lançamento de chapas puros-sangues,e segundo o pitoniso de Morro Branco,  não seria quebrado o feitiço  do eleito não cumprir o inteiro mandato.

Pelo vaticínio esfericamente equivocado, a advogada e cientista social Aíla Ramalho Cortez já podia encomendar o tailleur da segunda posse.

Em um ano e meio, seria promovida a titular,  e podia  iniciar a campanha pela própria reeleição, na continuação do movimento dos círculos concêntricos, onde a roda grande passa por dentro da pequena.

Predição baseada na evidência que  não existia repelente capaz de afastar da testa de quem recebe uma votação arrasadora não capital, o pouso da mosca azul com as asas douradas de funções mais elevadas.

O jogo foi mais uma vez,  zerado.

Cada eleição é uma eleição.

De dois em dois anos, acolhe todo mundo,  até que as urnas comecem, de novo, a ranger seus dentes afiados.

Indeciso, sem assumir posição definida no grid de largada, o prefeito Álvaro Dias perdeu o timing e não participou da maratona 2022.

Eleito sem ter pronunciado um único discurso em praça pública, nem abraçado os desocupados e desdentados da Praça Gentil Ferreira, seu capital eleitoral adulado, mostrou ser capaz de transferir votos, somente em linha direta de sucessão familiar.

Como a nova política foi moda fugaz, o jejuno observador político, confiando no domínio do efeito Aldo Tinoco, daquela vez, teve um único acerto na mosca:

O filho do prefeito já podia se considerar, deputado estadual.

O terceiro turno da eleição presidencial adiou o início das próximas pelejas, quebrando um (arghh) paradigma,  até então respeitado por todos os cientistas-analistas políticos, de sempre começar logo depois de apurada a última urna. 

Agora, a governadora Fátima tem duas cartas na mão.

Uma elege o próximo prefeito de Natal, e restabelece a ciranda.

Quem vai ter paciência de esperar pelo descarte em 2026?

 

Orion cego procurando pelo raio de sol (1658) – Nicolas Poussin – Museu Metropolitano de Arte, MoMa, Nova Iorque

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