4 de maio de 2024
Coronavírus

O LEÃO GENEROSO E A PANDEMIA

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A  ligação de um delegado-chefe da Receita Federal foi lembrada tão logo foi anunciado que a CPI do Senado investigaria compras fantásticas e fabulosas pelos governos estaduais.

No fio seguido na memória, uma eletrizante estória sobre  equipamentos médicos contrabandeados , apreendidos e confiscados no Porto de Fortaleza.

Iriam a leilão.

Mas alguns itens estavam reservados para doação aos estados vizinhos.

Entre muitos, aparelho de ultrassom, top, de última geração, da marca mais famosa.

Uma brastemp caída do céu em  secretaria com orçamento zero para investimentos.

Até o transporte estava incluído no 0-800 do leão camarada.

O avião da própria Receita e a logística da delegacia local garantiriam o delivery.

Vários telefonemas acertaram a entrega, as datas e alguma documentação para  assinatura e posterior envio.

Contando com o ovo dentro da galinha de ouro, nada mais natural que uma apressada promessa-surpresa para a diretora da unidade que receberia o presentão.

Já com certa intimidade, o brasiliense pediu um pequeno favor.

Que fossem fornecidos os telefones de alguns colegas,  de três ou quatro especialidades.

Só empreendedores.

Médicos que inovam e estão sempre na crista da onda das novidades científicas e atualizados com a tecnologia.

Seriam  convidados para uma compra online de equipamentos que não poderiam ser doados, nem leiloados.

Tinha pressa.

Com preços tão incríveis e sem incidência de impostos, o estoque logo estaria esgotado.

A solicitação, contrapartida modesta, foi prontamente atendida.

Enquanto esperava o dia aprazado, o encontro com um dos sortudos indicados foi só satisfação pela lembrança do seu nome.

Sem dificuldade, pelo site da autarquia, havia comprado uma máquina dernier cri, por menos da metade do preço regular.

Empresário experiente, achou o negócio tão vantajoso que aproveitou  para adquirir outro aparelho de diferente especialidade, para depois passar à frente.

Com a revenda, o seu ficaria praticamente de graça.

Ninguém contava que a burocracia estatal também estivesse presente em tão peculiar situação.

Só pode ter sido ela e seus entraves, as causas da demora no recebimento.

Decorridos dez anos, a mercadoria doada ainda não havia sido entregue.

Já o prejuízo do colega, poderia ter sido muito maior.

Imagina, se ele não tivesse conseguido um precinho proveitoso.

Seu pagamento foi creditado (e sacado) em conta bancária de Cuiabá.

Agora, com as dispensas de licitações  e decretos de calamidade, nem a venda de 50 milhões de reais em respiradores, passa mais pelas garras do leão.

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