O PEQUENO PRESIDENTE
Que os índices de aceitação popular do capitão-presidente já atingiram o pico e está em franca curva descendente, não há muitas dúvidas.
Foi só os adversários na eleição aderirem à quarentena que a queda se acentuou.
De muito já considerava seus oponentes tão insignificantes que entrou em conflito com seu próprio partido.
A luta não parou. Faltando sparrings, sobrou para sacos de pancadas.
Cada dia, um.
Imprensa, Congresso. Judiciário. O jornalista delicado. Quem mexer com os garotos numerados.
Quando dá um golpe mais violento, antes que o movimento pendular volte, pede desculpas. Não foi bem isso o que quis dizer.
Chegou ao ponto de brigar com as próprias sombras. Dispensou seus ministros mais populares.
Sem admitir brilhos, fica na réstia da Economia. Destroçada. O ministro também não é lá esses messias.
A cerca em que se escora, pode não ser capaz de segurar a boiada.
Vale tudo. Até conversar com os bois mais mansos. E famintos.
No meio da tormenta é inevitável a dúvida: isso não vai acabar em naufrágio?
Quem é impulsivo por natureza e age antes de pensar, sem atentar ao equilíbrio, só tem duas opções.
Mudar.
Ou mudar-se.
Nem a pandemia foi suficiente para convencê-lo que quando uma só arma não é suficiente para a vitória, não significa dizer que não deva ser usada.
Junto de outras, no tempo certo. Na hora adequada ao momento da refrega.
Mesmo que ela se chame Cloroquina. Ou Ivermectina. Ou Azitromicina.
A coerência não é irmã-siamesa do autoritarismo.
Ideia fixa é sintoma preocupante em quem detém tanto poder sobre a vida das pessoas.
Quando o frade beneditino e imortal Dom Marcos Barbosa traduziu o Pequeno Príncipe, fez pequenas mudanças e é dele, o pensamento mais famoso de Exupéry.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas
Mesmo que o nosso mandatário fosse homem afeito aos livros, seria temerário pensar que tenha lido o preferido das misses, no idioma original.
Tu deviens responsable pour toujours de ce que tu as apprivoisé
Cativar é muito diferente de domar.