8 de maio de 2024
Comunicação

O PERIGO CAIU NA REDE

Quando o dia acaba (1870) – Thomas Faed – Galeria de Arte Beaverbrook, Fredericton, New Brunswick, Canadá


Participar das redes sociais é cada dia mais, atividade de alto risco.

Não somente para quem escreve, copia, grava,  produz, posta, encaminha ou curte.

Já se procura  criminalizar o ato da simples leitura.

Mesmo que silenciosa.

E solitária.

Como estamos adentrando o mês de agosto, não é nem bom dar chance ao acaso e estender o arriscado  assunto.

Bem que algum parlamentar, um lídimo representante dos desligadões do centrão, poderia apresentar sugestão à lei das fake news, obrigando as bios dos internautas suspeitos, a estamparem sinais de alerta.

O passarinho abatido do Twitter com uma mordaça estampando um X, a mais fascista das letras do alfabeto romano.

O cyberespaço será mesmo nossa  última fronteira?

Universal, onipresente, onipotente, onisciente.

O que é e sempre foi.                          

Agora, sua filha unigênita, a mídia, a rainha das rainhas, a tudo rege, guarda, governa e ilumina.

Nos seus domínios terrestres, nada do que foi será.

Tudo passa.

Muito rápido.

Na velocidade 5G.

Por enquanto.

Por encanto.

Tão revolucionária quanto a do Messias, por que  ninguém noticiou sua chegada?                                  

Como arauto, Gutemberg não amarra as alpercatas de João Batista.

Aquilo que viria só foi antecipado nas previsões oníricas de Júlio Verne.

Sua mais completa tradução, a notícia de jornal.

Como a da folha de ontem, como se dizia trasantontem,  só não virou página virada porque se reinventou.                         

Não dava mais pra esperar a edição matutina para a revelação do fato.

Nem a do dia seguinte pra sentir a repercussão

As da véspera todos já sabem.

Está no threads ou no zap ou no blog .                                               

As da madrugada, ficam na zona cega, espaço compreendido entre o linotipo, a caixa do correio e a edição online.

Os periódicos continuam pelejando com o karma  da seleção natural de Darwin .

Só os mais resistentes têm sobrevivido.

No caminho da salvação, os reforços nas estruturas de  novas colunas, escoradas em  pesquisas, e até com dispensa do preço de capa.

Sem descuidar dos espaços ocupados também nas redes sociais e no corpo a corpo.

O jogo quando visto da arquibancada pelo internauta-leitor, tem novas regras.                    

A imprensa que já foi base  dos comentários nos encontros sociais, passou  a ser pautada pelo que rola nas ondas digitais.

O que seria da Folha sem os posts viralizados?          E vice-versa.                   

Na miscigenação do papel com o digital, metas são preservadas.                   

Informar o que é relevante para as vidas das pessoas, com objetividade e isenção.

Difícil saber o que é falso, soja, fake ou carne.

Tudo misturado e junto, no cardápio do McDonald’s e do Trump’s .

Meias-verdades ou mentiras-inteiras, não importa.

Conheceremos a verdade e ela nos libertará.

De preferência em mensagens de até 140 toques.

 

Sir Walter Scott e seus amigos em Abbotsford (1849) – Thomás Faed – Galerias Nacionais da Escócia, Reino Unido

 

(Este texto  foi originalmente concebido nos idos  de 31/07/2019)

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