O PICADINHO DE FÁTIMA ESTÁ DE VOLTA
Corria o mês de outubro de 2019, o primeiro ano do primeiro mandato da primeira governadora de origem popular.
Eram lançados bombardeios de balões de ensaio.
Começaram com informações privilegiadas para blogs camaradas.
Confirmados depois, em off, por pessoas sempre bem informadas nesses assuntos que se conversam nas ante-salas do poder.
A quase-notícia foi logo espalhada à boca pequena.
O décimo-terceiro dos aposentados e pensionistas estava perigando a se juntar ao do ano anterior.
E aos dois últimos meses que estavam dentro, em algum lugar fora das contas no vermelho e dos bolsos vazios.
Esse bode na sala, foi a estratégia bem sucedida para a aceitação sem traumas do parcelamento da gratificação natalina.
Das maldades, a menor.
Nas vésperas do réveillon, um adiantamento de 30% e o resto, pro ano que estava por entrar.
Para quem propagava não só que mantinha os salários em dia, fazendo adiantamentos todos os meses, era fácil acalmar os esclerosados barnabés, mais uma vez.
Não foi difícil convencer que não havia mais a menor necessidade de se comprar nada à vista.
Com índices de inflação de país europeu e taxas de juros nunca vistas tão baixas, qualquer casa bahia e toda cvc da vida iriam parcelar em suaves prestações a perder de vista.
Solução inteligente.
O salário retido convertido em bens duráveis e viagens maravilhosas.
Que décimo é pra gastar nessas coisas mesmo.
Ainda havia a generosidade do empréstimo consignado, com o aval do governo e a garantia total que todo mês o desconto não seria esquecido, mesmo que não repassado aos bancos
Não estava marcada ainda a data provável do parto e não faltou quem desse nome à criança.
Rachadinha.
Nas o nome não tinha como colar, já tão utilizado por parlamentares de todos os partidos, para nomear depósitos divididos todo mês..
Uma reeleição e quatro anos depois, a receita refogada está de volta, com alcunha mais adequada.
Picadinho.
Palavra singela e versátil.
Define a propriedade da divisão do pagamento dos salários aos pedaços, dando a sensação de se receber mais.
Mais vezes.
Com 25 salários quinzenais pagos em um ano, quem vai reclamar que o 26° só vai ser depositado no décimo dia do ano novo?
