17 de maio de 2024
Coronavírus

O QUE JÁ FOI PERIGOSO FALAR SOBRE A PANDEMIA

O Homem Enfeitiçado, La lámpada del Diablo (1798) – Francisco Goya – Galeria Nacional, Londres


Outros assuntos até que apareciam, mas não empolgavam.

Há dois anos, fotos e filmes enviados de Marte pela Perseverance emocionavam e faziam pensar que os filmes de ficção e os estúdios da Netflix não  conseguiam representar tanta beleza e solidão.

Mas tudo que interessava na realidade, era um enorme exercício de futurologia, baseado em cálculos matemáticos, adivinhações e premonições, na projeção de tendências e previsão da data provável mais aguardada.

Quando tudo no planeta Terra estaria sob o controle que nunca teve.

A segunda onda chegara para negar o otimismo de quem pensava que o pior havia passado, e a vacina seria salvadora e permanente.

Dos antigos conhecimentos, a constatação que enquanto houvessem hospedeiros susceptíveis, o vírus seguiria em disseminação, sofrendo mudanças pelo caminho.

A prova veio  em sotaques variados, com o passaporte sanitário carimbado,  em Joanesburgo, Manaus e na Corte de St. James.

Cepas e variantes já constavam  do vocabulário e das preocupação dos sobreviventes.

As vacinas não fugiam da verdade transitória e da máxima – nunca desmentida – da medicina clássica:

Quando há vários remédios para uma mesma doença, é sinal que nenhum deles satisfaz.

Alarmistas, quase negacionistas, céticos, pessimistas de sempre, discutiam a eficácia da imunização, baseados em relatos da contaminação de pessoas previamente vacinadas.

Os fabricantes declararam o percentual do êxito constatado nos apressados testes.

Se 52% não contraíam a doença em determinado tempo, era o mesmo que não dizer que 48%  adoeciam.

O cálice bento permanecia meio vazio.

Mutações genéticas à parte,  a expectativa era que dos vacinados que adoecessem, a intensidade dos sintomas seria mais leve, o número de internações menor e as mortes, raras.

Tivesem ou não tomado remédio pra piolho.

Da Universidade Johns Hopkins, o Professor Marty Makary foi o portador da mais auspiciosa notícia.

Com o ritmo de distribuição das vacinas alem do esperado (dois milhões de doses em um único dia), ele acreditava que  a imunidade natural estava perto de ser alcançada e  a propagação do vírus, próxima do fim.

Acertou bem na proteína spike do vírus.

Vôo das Bruxas (1798) – Francisco Goya – Museu do Prado, Madri

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