1 de maio de 2024
Coronavírus

O SEGREDO DAS MARÉS

 

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Praia da Gávea (1955)- José Pancetti – Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.


Cinquenta anos depois, os 90 milhões de técnicos de futebol se transformaram em 212 milhões de imunologistas.

Mesmo sem concluir o segundo ano do curso de imersão total, o assunto é popular e de domínio público.

O homem é um animal que evolui por ter um outro  aguçado sentido, além dos cinco conhecidos.

A capacidade de fazer previsões, tem garantido a sobrevivência e o domínio da espécie sobre as demais.

Observando as mudanças no tempo, antecipando o melhor momento para plantar, por sucessivas  gerações, com um pé e o pensamento no que ainda virá.

A permanente dúvida de como será o amanhã é o sentido da vida.

E se já estiver tudo escrito, Maktub?

Aqueles que se destacam pela habilidade de antecipar o conhecimento, recebem reconhecimento. São pessoas especiais.

Profetas. Nos sertões, cientistas.

Com o passar dos tempos a necessidade de se preparar para o que ainda está para acontecer, obrigou a humanidade a se armar de  outras ferramentas.

A visão de futuro possibilita o sucesso nos negócios.

Os novos empreendimentos dependem de quem vê antes como será o que ainda não existe.

Não basta ter feeling, é preciso provar que o pressentimento é igual ou muito próximo do que está para acontecer.

O bom comentarista esportivo faz o espectador acreditar que a troca de um jogador ou mudança tática, modificará o resultado da partida.

A chance de acerto continua a depender do resultado, mesmo se o técnico da equipe não fizer as modificações imaginadas na teoria.

Mesmo ainda longe das  eleições, pratica -se intensamente a futurologia, em saturantes divulgações de pesquisas de opinião e tendências de votos.

Os louros da vitória serão divididos entre eleitos e institutos de pesquisas que acertarem na mosca ou pelo menos, não muito longe do centro do alvo.

A pandemia trouxe este know how acumulado para o acompanhamento da sua evolução.

Estudos matemáticos em desenhos gráficos, mostram tendências de crescimento, estabilidade, ou redução do número de casos.

Os dados coletados vão se acumulando em curvas que, atingido o apogeu, tornam o que ainda acontecerá,  previsível.

Incontrolável, a doença avança, recua e sem cura ou prevenção eficazes, continua em outras variantes e novas cepas.

Como as ondas do mar.

Aprender com elas é o caminho.

Mal quebram na praia, outra já se forma e chega  igual à que deixou de existir.

São sempre parecidas mas não, as mesmas. Mutantes por natureza.

Quem está perto da arrebentação aprende que enfrentar a força inevitável, de peito aberto, é tombo certo.

As marés têm ritmo que não muda.

O banho pode continuar prazeroso.

Mas é preciso  ficar atento aos movimentos.

Tem a hora de mergulhar.

A onda vai passar.

E a outra… e a outra… e a outra…

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Paisagem de Itapuã (1953) – José Pancetti – Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
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Casas à Beira-mar (1948) – José Pancetti – Coleção particular

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