6 de maio de 2024
Clima

O VULCÃO DO CREPÚSCULO VERMELHO

Passeio ao Crepúsculo (1890) – Vincent Van Gogh – MASP, Museu de Arte Moderna se São Paulo


Há um ano, do outro lado do mundo, a terra explodiu debaixo d’água, libertando a força da natureza, como nunca havia sido registrada na vulcanologia.

Como se das suas  entranhas, a terra estivesse mandando uma mensagem urbi et orbi.

O esperado tsunami não varreu os sete mares, mas o aviso, lembrando  que o planeta é um só, chegou para todos.

A nuvem de fumaça que seguiu ao tremor da terra não  só deixou prejuízos para  os 25 mil habitantes de Noku’Alofa, mas espalhou-se pelo resto do mundo,  conduzindo no seu rastro, ao sabor dos ventos,  partículas invisíveis de poeira,  que acrescentaram às últimas luzes do dia, inéditas cores da paleta que retrata beleza e vida.

O vulcão de Tonga fez voltar ao cartaz,  em todas as cidades, das megamaiores às pequenas vilas, um espetáculo cada vez com mais plateia.

O por-do-sol em algum lugar especial e mágico.

A certeza que não será o último e que no dia seguinte  tem mais, faz o momento único reavivar memórias e acalentar sonhos de paz.

Evoca lembranças e alerta que tudo chega ao fim.

E sempre tem recomeço.

O preparo de cada  performance leva o dia todo; a mostra, em si, só alguns minutos.

Resume-se a uma única cena com ares de despedida.

Acrescentada  ao espaço cênico, música  instrumental faz a diferença na percepção de quem assiste.

Até listas dos dez mais correm a blogosfera,  e há quem faça longas viagens,  apenas para  conferir se a fama é merecida.

Ele parte, mas sempre volta.

Rá já foi rei. Já foi deus.

Nunca deixará de ser o grande astro dos arrebóis.

Paisagem ao Crepúsculo (1890) – Vincent Van Gogh – Museu Van Gogh, Amsterdã, Países Baixos

(Publicação original em 2/3/22)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *