2 de maio de 2024
Política

ORA DIREIS, ASSISTIR DEBATES

As Promessas (1933) – José Malhoa – Museu José Malhoa, Caldas da Rainha, Portugal


Depois que John Kennedy arrasou Richard Nixon nas vésperas da eleição de 1960, todos ficaram acreditando que as campanhas políticas dispensariam as outras ferramentas de convencimento do eleitor indeciso.

Fernando Collor  foi o debatedor mais bem sucedido, contra um Lula nervoso e suarento, com medo da revelação de uma filha fora do casamento.

Leonel Brizola ganhava os embates nas campanhas, mas nunca as eleições presidenciais.

Dona Dilma supertreinada, participava, mas nem ela conseguia seguir o próprio raciocínio.

Houve um tempo em que se levava em conta até o número e a empolgação das claques nas portas das emissoras de TV.

As novas mídias, transformadas em disputas diárias de ideias, sepultaram a TV como cabo eleitoral.

Os canais de streaming e a Netflix em particular, jogaram a última pá de cal nos programas cheios de regras e cronômetros, que nem aos insones, interessa mais.

O primeiro da presente safra, aos olhos de quem confessadamente não o assistiu, nem teve curiosidade de zapear por ele, não deve ter elevado os crônicos baixos índices de audiência da TV.

A noite do domingo, reservada pelos viciados ao fantástico show da vida, tinha uma opção de responsa: a live de Caetano Veloso e filhos.

De quebra, a mana Maria Bethânia e um caminhão de emoções e estórias do aniversariante, novo  oitentão das artes e cantares brasileiros.

Não é preciso ter  cochilado entre os blocos mornos do debate para tirar algumas conclusões.

Que esperar de um candidato que não pede votos nem pra si mesmo?

Que tivesse o cuidado de escolher um paletó que não  se rebelasse bravamente contra os apertos dos botões?

Da governadora, pata velha, acostumada com o quaquaraquacá e as manhas da oposição que conhece por dentro, há bons 30 anos, que não lembrasse a herança maldita e o milagre do pagamento dos salários atrasados?

Do ex-vice e ex-comunista, pelos treinos nas entrevistas de pré-candidatura, seus simpatizantes queriam  muito mais que um programa desses pode dar.

Por melhor participação, o milagre da virada dos índices nas pesquisas precisa de muito mais reza, como o milho que cresce pelo interior, pede orçamentos e convênios para ser bem adubado.

Para a pequena torcida de blogueiros e comissionados, obrigada por dever de ofício a assistir a ladainha toda, qualquer detalhe nos adversários, vira defeito.

Até no quesito indumentária, por mais esmero que tenham tido as mãinhas na arrumação dos filhotes-candidatos, a elegância falha:

Fulano (Dantas)  estava tão enfatiotado que parecia o Dr. Mamão, da companhia de bonecos de mamulengos do Professor Padilha…

Da próxima vez, senhores e senhoras candidatos, lembrem-se: o eleitor gosta mesmo é de propostas mirabolantes.

Que tal prometerem ladrilhar as estradas esburacadas com pedrinhas de brilhante?

 

Milho ao Sol – José Malhoa (1933) – Museu Nacional Grão Vasco, Viseu, Portugal

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