Orçamento de combate à violência contra a mulher cai ao menor patamar na gestão Bolsonaro
Do Globo
Os investimentos para o combate à violência contra a mulher feitos pelo Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos atingiram o patamar mais baixo durante o governo Jair Bolsonaro.
Segundo levantamento do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), a alocação total de recursos para as mulheres prevista para 2022 é de 43,2 milhões, ante 61,4 milhões no ano anterior, 132,5 milhões em 2020 e 71,9 milhões em 2019.
— Esse recurso já foi muito maior, inclusive com uma execução muito melhor. Isso mostra que existe uma capacidade de gastar mais. O órgão hoje tem recursos que não são executados — afirmou a porta-voz do Inesc, a assessora política Carmela Zigoni.
Em 2019 e 2020, início do governo Jair Bolsonaro, o ministério da Mulher executou aproximadamente 50% do valor autorizado para políticas de enfrentamento a violência e promoção da autonomia, quantia que não passou de R$ 15 milhões em cada ano.
A título de comparação, em 2014 foram autorizados para a mesma política pública R$ 273,3 milhões, sendo que R$ 184,3 foram utilizados de fato.
Ainda de acordo com o estudo, o programa Casa da Mulher Brasileira, que permite atendimento integrado a mulheres vítimas de violência, “permaneceu negligenciado pela ministra Damares Alves” no ano passado.
Procurado, o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos alegou, entre outras coisas, que essa política “envolve praticamente toda a Esplanada”, não apenas a pasta destinada para isso.
“O referido dado do instituto parte de uma premissa equivocada, de que o orçamento para mulheres é executado somente a partir deste Ministério.”
TL COMENTA
Enquanto isso, o Brasil segue batendo recordes em crimes contra mulher . Ano passado, foi registrado um estupro a cada 10 minutos e um feminicídio a cada 7 horas.
Os dados mostram que houve 56.098 estupros do gênero feminino, em todo o país, o que representa um aumento de 3,7% em relação ao ano anterior. Já os casos de feminicídio caíram 2,4%, foram 1.319 vítimas em 2021 e 1.351 no ano anterior.