6 de maio de 2024
Comunicação

OS NOVOS IDIOTAS DA ALDEIA

O Jardim das Delícias Terrenas (1504) – Hieronymus Bosch – Museu do Prado, Madri  – (“Entre o bem e o mal está o pecado”)


A nova política mal começou, e no primeiro  mandato, nos mesmos revoltos mares da corrupção, afogada nas águas escuras das emendas parlamentares, já acabou.

A velha, quase defunta, está rediviva em novos personagens, outros enredos e estratégias nunca vistas.

Umberto Eco não teve tempo de ampliar suas observações sobre os que denominou de idiotas da aldeia.

Passados sete anos da sua morte, o genial filósofo italiano ficaria estarrecido com a ousadia dos novos portadores da verdade.

Eles saíram das sua alexandrias, dos seus piemontes e conquistaram o mundo digital.

Multiplicaram-se aos robôs, formaram legiões de adeptos, dividiram as notícias de jornal com a maior pandemia que já afligiu a humanidade, e sobreviveram.

Estão, de novo e como sempre, na crista da onda e no epicentro do jogo político.

Como dito nas terrinhas (de além e de aquém-mar), cesteiro que faz um cesto faz um cento.

Nestes quatro anos  da volta deste Território Livre, já são mais de 1500 pequenos textos  publicados, em homeopáticas doses matinais.

No começo, a expectativa de comentar notícias, como fazíamos, eu e meia dúzia  de três ou quatro colaboradores do blog de Laurita.

Depois, vieram os lampejos de lembranças de instantes que valem a pena recordar.

Estórias de 101 noites, tardes e manhãs.

Uma puxando outra, antes que caiam no esquecimento, por artes do malvado doutor alemão.

Vieram os tempos de  novos costumes, e  a constatação que não se fazem mais comentaristas como os de antão.

Não precisa nem de uma pesquisa da FUNPEC  para saber o porque.

Hoje todos têm seus próprios canais de comunicação, com  interação, via WhattsApp outros Telegram assemelhados.

Tudo en petit comité, até que surja um hacker ou um implacável juiz supremo para acabar a barulhenta festa.

Serão os  recalcitrantes que nos tornamos, os verdadeiros idiotas da aldeia, auto-promovidos a portadores da verdade?

Na dúvida, é melhor catilinar como Cícero:

O tempora! O mores!

Os sete pecados capitais e as quatro últimas coisas (1500) – Hieronymus Bosch- Museu do Prado, Madri

(Reflexões baseadas em publicação original de 16/06/2019)

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