OS VELHOS ERAM OS OUTROS
Entre tantas pílulas, uma tem sido dourada para ser tomada quando a meia-idade passar.
Apesar de muita teoria, definições e conceitos, o certo é que a velhice é mesmo um estado de espírito, com data de nascimento incerta.
A primeira grande aparição ocorre por volta dos sessenta anos quando o rebelde interno teima em não usufruir da legislação e abdica do direito de furar filas e estacionar em vagas reservadas.
Traídos pelos cabelos grisalhos, rugas e pela teimosia dos mais jovens que insistem em lembrar os privilégios etários, as primeiras vantagens passam a ser usufruídas. E entram na rotina e costume.
Logo chegam outras. Mais sedutoras e esperadas com certa ansiedade.
Descontos nos cinema e teatros, gratuidade no transporte público, sempre requeridos com um misto de satisfação (no bolso) e melancólica sensação de não durar muito.
A chegada da provecta vem sempre acompanhada de sinais, antes que o mais instigante e ululante, apareça. A bengala e seu charme que vai evanescendo com o aumento da curvatura da coluna vertebral.
Uma leitura de jornal e alguma ocorrência com um cidadão tipificado de ancião, a acareação com os próprios anos vividos a mais que o desafortunado, não deixa dúvida como é visto pelos mais novos.
O que já foi o marco zero da senectude, perdeu a referência, tantas exceções às regras e casos precoces por invalidez.
A aposentadoria, violada pelas necessidades financeiras e adiada ou vilipendiada por outras atividades mais brandas, deixou de ser parâmetro de tempo.
Os cuidados com o corpo, alimentação saudável e renúncia a alguns hábitos viciantes da juventude, mantêm a vida em movimento, só se rendendo aos indícios de demência que afirmam estudiosos, dobra de intensidade a cada cinco anos, a partir do 65°.
Somente para os que nasceram nos anos cinquenta, uma cruel constatação.
Companheiros, não adianta procurar argumentos. Nós já chegamos lá.
E se ainda restarem resistências à implacável verdade, comecem a observar o tratamento que recebem dos filhos.
Tentem lembrar como cuidavam dos pais quando já o consideravam velhos, incapazes de certos afazeres.
Para a geração rock’n’roll, a pandemia está deixando outros legados.
A ampliação do conceito do ser idoso, baseada apenas na idade cronológica, da sexta década e a redução atroz da velhice extrema.
Enquanto não se confirma a polêmica hipótese que estamos em processo evolutivo de seleção natural, aos avós 2020, o revigorante e mágico elixir para ser tomado em doses cada vez maiores, continua sem prazo de validade.
Netos fazem muito bem à velhice.
O texto descreve a velhice muito bem sem falar em “melhor idade”. A melhor idade é por volta dos 20 anos, quando já se tem emprego e um dinheirinho para as aventuras amorosas mesmo sendo mercenária que fingem orgasmos. Eu não me queixo da velhice pois quem não envelhe morre jovem. Nó dia da bandeira deste ano eu fecharem 88 anos, ainda gostando da fruta com a ajuda da azulzinha. Continuo preso em casa
Nem poderei caminhar devido uma pneumonia. Acordei sem sentir nenhum mau estar. Agradeço a Deus e à medicina. Um grande e fraternal abraço a gregos e troianos.
Não tem nó nó dia da bandeira e intromissão indevida do corretor.