8 de maio de 2024
CULTURA

PERDOAR NOS MANDA DEUS

 

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¡Perdonar nos manda Dios! (1895) Luis García Sampedro – Museu Nacional do Prado, Madri


Há exatos dois anos, o futuro promissor de um aprendiz de cronista esteve por um triz.

A bola sete, a publicação de um simulacro de decreto governamental, com todas os indicativos, ferramentas e pinta de tratar-se de peça de ficção, facilmente reconhecível, e para que não restassem dúvidas, ao final, entre colchetes, a informação que era apenas uma minuta, documento nunca assinado e publicado, como sói acontecer.

O clima pesado e a fé renovada em orações e promessas, para a onda quebranta em outras praias não chegar aos nossos 400km de costa, transformaram o textículo que só pretendia um pouco de humor sutil, no ambiente carregado de dúvidas, incertezas e medo, em abominável crime.

Uma tênue crítica ao governo do estado, por haver publicado um primeiro e tímido decreto de enfrentamento da pandemia, há pouco reconhecida pela Organização Mundial da Saúde, cujas medidas mais drásticas foram  a implantação do expediente corrido nas suas repartições e a suspensão das aulas das escolas que, há dias, já estavam sem elas, pela rotineira greve anual dos professores.

Acusado de implantar terrorismo e de imitador barato de Orson Welles, o outro locutor que agora vos fala, teve de ocupar, no mesmo dia, o mesmo espaço e dar  o mesmo destaque, a uma humilhante (para os obtusos novos leitores) retratação:

A quem interessar possa e aos que não tomaram conhecimento que o Forte dos Reis Magos, a Biblioteca Câmara Cascudo, o Teatro Alberto Maranhão e os postos policiais nos bairros,  estão fechados há vários anos, e que desde muito antes  do aprendiz de escrevinhador ser diretor, não há leitos ociosos no Hospital Walfredo Gurgel e antes que comece uma nova Guerra dos Mundos, que o post DECRETO DE EMERGÊNCIA NO RN  é uma obra de ficção, classificada na categoria ironia.

Ou de humor, a depender do de cada um.

Sem prejuízo para a recomendação de quarentena para todos que andam espalhando burrice pelo estuário do Potengi, revoguem-se as disposições em contrário.

Domicio Arruda

-Aprendiz de cronista, em busca de leitores qualificados.

Como a lei bamerindus continua vigendo, o tempo passa, o tempo voa e a vidinha na província quase voltou ao que era, numa boa.

O castelo Keulen recebe turistas e assaltados, depois de mais duas inaugurações.

A biblioteca teve festa, sem ter entrado em operação, dizem as ferinas,  por falta de livros.

O teatro voltou aos tempos de glória e interdições pelas chuvaradas nas marés enchentes.

Com o novo normal já taxiando nos parnamirim fields, por que não peticionar a revogação de todas as condenações impostas, e prescrição das penas sofridas, por decurso de prazo e mutações virais?

Jurisprudência é o que não falta nos tribunais superiores.

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Felicidade sempre incompleta! (1892) – Luís García Sampedro – Museu Nacional do Prado, Madri

2 thoughts on “PERDOAR NOS MANDA DEUS

  • O jovem de Nova Cruz começou a escrever, tomou gosto e está agradando a gregos e troianos. Continua cuidando de minha saúde. Hoje acordei bem disposto depois de dois dias péssimos.

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  • Maria das Graças de Menezes Venâncio

    Como sempre gosto das suas crônicas. Não sou de perdoar não. Sou de me afastar ou então dá um nocaute no adversário tão feio que ele nunca vai se recuperar. Aplicando-se as mulheres também. Continue com as suas crônicas. Eu trabalhando muito devagar num livro de turismo no Nordeste ou que implica em leituras. Lendo dois livros. Um amando Nino o filósofo do Beco da Lama do Vicente Serejo . Comprei na Cooperativa Cultural da Ufrn. Aonde fui e almocei. Depois de um péssimo atendimento pelo chefe do setor de atendimento. Tentando me situar em relação a como sobreviver em Petrópolis. Ótimas perspectivas, muito amor pelo bairro. Nasci aqui. Com medo se as intervenções elevarão o preço do metro quadrado. Acho que fico. Outros investimentos somente em JPessoa – toda urbanizada uma beleza.

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