Plantão: o homem mordeu o cachorro
Do Antagonista
A decisão de esconder do “Jornal Nacional” o boletim da Covid-19 deu mais publicidade ao número de mortos e infectados pela doença.
O “Plantão da Globo” levado ao ar às 21h45, durante a novela “Fina Estampa”, teve média de 31 pontos na pesquisa em tempo real do ibope em São Paulo.
Se o Ministério da Saúde tivesse respeitado o cronograma antigo, permitindo ao “Jornal Nacional” a repercussão dos dados em seu bloco inicial, por volta das 20h30, o ibope ficaria entre 25 e 26 pontos.
O presidente Jair Bolsonaro foi questionado nesta sexta-feira (5) por jornalistas sobre os atrasos na divulgação de dados sobre a pandemia do novo coronavírus.
Sem que ninguém fizesse qualquer menção a nenhum órgão de imprensa específico, o presidente disse: “Acabou matéria do Jornal Nacional”.
No mesmo Jornal Nacional, Wiliam Bonner leu nota da emissora avisando:
“O público saberá julgar se o governo agia certo antes ou se age certo agora. Saberá se age por motivação técnica, como alega, ou se age movido por propósitos que não pode confessar mais claramente. Os espectadores da Globo podem ter certeza de uma coisa: serão informados sobre os números tão logo sejam anunciados porque o jornalismo da Globo corre sempre para atender o seu público”.
Ilustra um pouco a crise vivida no Brasil do Presidente Bolsonaro. Ele quer convencer que é erro divulgar mortes por Coronavirus para isso resolveu adiar o boletim com números oficiais, como se assim impedisse que elas, de fato, acontecessem.
Ontem, depois do Plantão, o exército bolsonarista ocupou as redes cocais para criticar o jornalismo da Globo pelo simples fato de cumprir seu papel; de informar a verdade.
Como se não sendo divulgados, deixassem de existir a triste realidade de mortes crescente, número de infectados e falta de leitos hospitalares Brasil afora.
TIRAR O SOFÁ DA SALA
Defender um jornalismo sobre flores e passarinhos quando cadáveres se acumulam nas cidades brasileiras é desonesto com as vítimas da pandemia e as famílias enlutadas como com as que têm o direito de saber a verdade para se proteger e não se transformar nas estatísticas de amanhã.
Pessoas mortas a cada dia é notícia no Brasil e em qualquer lugar do mundo. Não é escolha de quem edita um jornal, é obrigação é dever em qualquer país livre e democrático.
Do contrário, seguiremos com a pauta nunca vista nesse Brasil pós-ditadura, arriscando manchetes: “O cachorro mordeu o homem”.
Bolsonaro é o suprassumo da ignorância, com ele aparece que os casos de estupidez aumentam consideravelmente. É altamente contagioso. Uns já começam a dar sinais se não de cura, mas de alguma recuperação.
O Congresso é medroso. Se apavora em perder cargos e boquinhas. Como se não conseguissem com Mourão. Deve ser a preguiça em começar tudo de novo.